São Paulo, domingo, 05 de fevereiro de 2006

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FUTEBOL

Ricardo Teixeira acertou

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Não pense que o colunista enlouqueceu. Ricardo Teixeira e Eurico Miranda estão certos. E, se você passar dessas primeiras linhas, talvez até concorde. Se não tiver paciência, OK, mande a camisa-de-força.
Eurico Miranda tem razão quando diz que os clubes deveriam impor o que querem para seus campeonatos e que está na hora de acabar com a ditadura imposta pela CBF.
Ricardo Teixeira fez muito bem em bater o pé em torno do que já estava decidido desde 2003: 20 clubes na primeira divisão e queda de quatro para fortalecer a segunda, algo essencial.
Não faria nenhum sentido decidir agora uma mudança para o ano que vem antes mesmo de experimentar com o número que parece ser o ideal, porque 22 participantes significam aquela zona cinzenta na qual os jogos valem quase nada.
Com 20, quem tiver competência sobrevive e participa de uma competição com disputas e emoções garantidas.
Que não se descarte a possibilidade de mexer, adiante, no descenso, porque a queda de quatro pode ser, de fato, exagerada. No caso, dois é pouco, três, quem sabe, seja o ideal.
Mas fez muito bem a CBF em bater o pé, em não transigir, em lutar pela credibilidade de seu maior campeonato, já que os clubes abdicaram de organizá-lo.
A forma de ganhar a parada foi indigesta, porque truculenta, autorizada por um estatuto draconiano que, diga-se, só é como é graças à covardia subserviente da esmagadora maioria dos clubes brasileiros e à inexistência de uma liga de verdade no lugar do hoje caricato Clube dos 13.
E é aí que Eurico Miranda está correto ao protestar em nome da democracia, embora pareça piada vê-lo no papel de democrata recém-convertido.
O embate despertou novamente uma discussão que andava adormecida, desde a questão central -o número de clubes participantes- até a fórmula de pontos corridos.
E, na falta de argumentos mais consistentes, houve quem visse o modelo que prevaleceu como cópia do que se faz na Europa.
Bobagem, porque não são poucos os que ao argumentar assim esgrimem os exemplos da NBA ou da NFL e nem por isso se vêem como macaqueadores dos Estados Unidos, embora esquecidos de que futebol é uma coisa, basquete é outra e assim por diante.
O Campeonato Brasileiro será disputado do jeito que dá certo não apenas na Europa mas, sim, no mundo do futebol, e o Brasil, para variar, chegou tarde.
Outra inconsistência que surgiu, depois que o mercado publicitário não respaldou a primeira restrição contra a adequação de nosso calendário ao do mundo do futebol (aquela anedota do ano fiscal), foi a de que faltariam lugares nos aviões caso o Campeonato Brasileiro fosse disputado no verão, tempo de férias.
Só pode ser outra piada, ainda mais porque vem dos mesmos executivos da TV que forçam jogos dos Estaduais sob o sol das 14h30 (15h30 pelo horário de verão) em pleno mês de janeiro.

Passado
A deputada Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB-SP) não gostou de um trocadilho feito por Barbara Gancia com seu segundo sobrenome e protestou no "Painel do Leitor". Entre os argumentos que brandiu, citou sua participação como presidente da primeira CPI dos Bingos. O que impõe um esclarecimento. Então seu desempenho foi tão ambíguo que, menos de dez anos depois, foi necessário instalar nova CPI sobre o mesmo tema.

Presente
Enfim, um clássico no Campeonato Paulista, enquanto três grandes cariocas estão fora da decisão da Taça Guanabara. E um clássico de risco ao aproveitamento de 100% do Palmeiras em 2006, porque é uma partida que põe a honra do São Paulo em jogo. Empate?


@ - blogdojuca@uol.com.br

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