São Paulo, sábado, 05 de fevereiro de 2011

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RITA SIZA

Temporada em risco


Uma disputa laboral na NFL pode transformar o Super Bowl no último jogo oficial de 2011


A GRANDE história desta edição do Super Bowl, entre o Pittsburgh Steelers e o Green Bay Packers, amanhã, em Dallas, não tem nada a ver com a vaga de frio que está a congelar a América, ultrapassa os debates sobre o génio dos respectivos quarterbacks, ignora o histórico dos dois times em confronto e relega para segundo plano o habitual "frisson" com os comerciais que passam a cada paragem do jogo. Nada disso. A grande história deste Super Bowl, o jogo mais importante do ano, é que este Super Bowl pode ser o último jogo do ano.
Explicando: o futebol americano vive uma disputa laboral que ameaça transformar a final do campeonato no último jogo oficial a que os fãs daquele esporte americano vão poder assistir em 2011.
Os donos das equipas exigem mudar os termos do contrato colectivo que rege o seu relacionamento com os jogadores e estão dispostos a paralisar toda a temporada da NFL -um negócio avaliado em US$ 80 bilhões- se não houver acordo. Pelas regras em vigor até março, os times têm de canalizar 60% das receitas da liga para o pagamento dos salários dos atletas. Agora, eles querem pagar menos.
Os dois lados em confronto reclamam boas razões para se manterem intransigentes na negociação. Os donos querem ser compensados pelos riscos financeiros que assumem e que, além do impacto da crise económica, estão a ser roídos pelos pagamentos aos jogadores. Em troca, prometem acrescentar jogos ao calendário da liga e fazer mais investimentos em infraestrutura (por exemplo, melhorando as condições dos recintos).
Os jogadores querem manter o contrato colectivo assinado em 2006, alegando que desde essa altura eles aceitaram um tecto para os salários. O que eles não aceitam agora é jogar mais jogos por menos dinheiro e menos protecção. Não querem aumentar o risco de lesões que podem durar uma vida inteira.
No meio dessas trapalhadas, quem perde sempre são os fãs, no fundo aqueles que alimentam todo esse circuito milionário, pagando bilhete para ir ao estádio, pagando pela transmissão televisiva, subsidiando com os seus impostos parte dos custos de equipas, ligas e federações.
A mim, em teoria, parece-me sempre bem essa coisa de estabelecer limites para as verbas astronómicas que se movimentam, geralmente sem qualquer controlo e transparência, nos meios esportivos. E parece-me absolutamente elementar que os adeptos sejam respeitados por todos os agentes desse circuito. Os fãs da NFL já se organizaram (a sua campanha está no SaveNextSeason.com) para exigir a salvaguarda dos seus interesses.
Eu torço por eles.


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