São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2001

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FUTEBOL

Deputado atribuiu falta de esclarecimento a despreparo de executivos

Depoimentos da Nike só frustram CPI da Câmara

Josemar Gonçalves/Folha Imagem
Ingo Ostrovsky, porta-voz da Nike, disse que o contrato com a CBF não é vantajoso para a empresa




DO ENVIADO A BRASÍLIA

Em uma de suas mais aguardadas sessões em seis meses de funcionamento, a CPI da CBF/Nike não conseguiu arrancar nenhuma informação significativa dos executivos da multinacional de material esportivo, que em 1996 se tornou parceira da entidade máxima do futebol brasileiro.
A opinião é do próprio presidente da comissão, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), que creditou a falta de esclarecimentos ao despreparo dos executivos da Nike que estiveram ontem em Brasília, Ingo Ostrovsky, porta-voz da empresa, e Amadeu Aguiar Júnior, diretor financeiro da multinacional no Brasil.
"O depoimento foi pouco esclarecedor, eles estão despreparados. Não souberam nem dizer por que o contrato omite o local de sua celebração", disse Rebelo, que não descartou a hipótese de convocar outros representantes da Nike.
O deputado Dr. Rosinha (PT-PR) tem a mesma opinião de Rebelo. "Achei insuficiente porque eles procuram não revelar tudo o que sabem. Nos reforça a suspeita de que o contrato não é bom para a CBF. Tentaram enrolar a gente."
Ostrovsky e Aguiar Jr. afirmaram desconhecer outros contratos da empresa com seleções nacionais, técnicos e jogadores e limitaram-se a repetir o que estava escrito no contrato e em seu adendo, revelados pela Folha.
O porta-voz negou que a Nike tenha ingerência sobre a seleção, disse que o fórum escolhido para dirimir dúvidas judiciais foi a Suíça porque era um país neutro e afirmou que o contrato é vantajoso para as duas partes.
Considerou ainda justa a renegociação do contrato com a CBF, celebrado em abril do ano passado, que deu à Nike a possibilidade de recuperar até US$ 14,5 milhões do investimento que fez se a seleção não cumprir os 50 jogos da empresa até 2006.
"Volto a dizer que nenhuma empresa do mundo investiu tanto em uma seleção nacional como a Nike. Não tínhamos credencias da Fifa que nos dessem acesso aos vestiários na Copa de 1998."
Com o desenrolar do depoimento, os deputados começaram a abandonar a sessão. Às 19h, com quase quatro horas de depoimento, só três parlamentares, além do relator e do presidente da CPI, estavam na mesa.
O deputado José Lourenço (PMDB-BA) deu o tom do que foi a presença dos executivos da Nike na Câmara. "Sou usuário do tênis Nike e eles são de ótima qualidade. Isso é para que terminemos a sessão com esse clima de cordialidade." (FERNANDO MELLO)



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