São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2001

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Ex-jogador faz lobby com deputados, que tentam sobrevida da comissão

Pelé pede fim de CPI; CPI pede mais 45 dias

FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

Um dia depois de ter sido metralhado pela CPI da CBF/Nike, Pelé resolveu reforçar o lobby para pôr fim à comissão, que vive hoje o seu "dia D".
Ontem, de Cannes (França), onde participa de um evento, o maior ídolo da história do esporte brasileiro telefonou para congressistas para pedir que a CPI termine no máximo em 30 dias.
A informação foi dada à Folha por integrantes da CPI que pediram para não ser identificados.
O fim da CPI impossibilitaria a investigação da principal empresa do ex-ministro de FHC, a Pelé Sports & Marketing, que teve anteontem seus sigilos bancário e fiscal quebrados, e de sua suposta participação em uma empresa de mesmo nome nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.
O lobby de Pelé visaria também dificultar a apuração de supostas irregularidades de seu sócio Hélio Vianna, que depôs à CPI e não convenceu os deputados.
Anteontem, também foi aprovada a devassa na vida fiscal e bancária de Vianna e de mais oito empresas ligadas ao empresário.
O contra-ataque de Pelé veio em meio a negociações entre as lideranças da Câmara para que a comissão tenha mais tempo de vida.
Ontem, o presidente da CPI, Aldo Rebelo (PC do B-SP), admitiu reduzir sua proposta inicial de prorrogação de 60 para 45 dias.
Segundo ele, já há consenso entre as lideranças em torno da prorrogação de mais um mês e meio, que ao mesmo tempo atenderia aos interesses do governo -que ficou contra a comissão após o "pacotão" lançado por Calos Melles (Esporte e Turismo), Pelé e Ricardo Teixeira, presidente da CBF- e dos membros da CPI, que teriam tempo para elaborar e votar o relatório final.
"Não vamos conseguir os 60 dias que queríamos, mas tenho certeza de que a prorrogação por 45 será aprovada", disse Rebelo.
Apesar do otimismo do deputado, as negociações para fechar questão em torno do prazo avançariam até a madrugada de hoje. Segundo a Folha apurou, PMDB e PFL ainda não estavam fechados.
Além de Pelé, o lobby para encerrar a CPI é reforçado pela chamada bancada do futebol.
Segundo Rebelo, os deputados ligados a clubes de futebol ameaçaram as lideranças de seus partidos para que o requerimento fosse rejeitado: se a CPI da CBF/Nike continuasse, eles colocariam suas assinaturas para aprovar a abertura da CPI da corrupção.
"Quando eles souberam que eu havia sido informado sobre o plano, desistiram. Eles não contavam com o contragolpe da CPI. Tenho convicção de que os trabalhos não acabam no dia 13", disse Rebelo.
A Folha procurou ontem à noite a Pelé Sports & Marketing, mas não obteve resposta.


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