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Ex-jogador faz lobby com deputados, que tentam sobrevida da comissão
Pelé pede fim de CPI; CPI pede mais 45 dias
FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
Um dia depois de ter sido metralhado pela CPI da CBF/Nike,
Pelé resolveu reforçar o lobby para pôr fim à comissão, que vive
hoje o seu "dia D".
Ontem, de Cannes (França), onde participa de um evento, o
maior ídolo da história do esporte
brasileiro telefonou para congressistas para pedir que a CPI termine no máximo em 30 dias.
A informação foi dada à Folha
por integrantes da CPI que pediram para não ser identificados.
O fim da CPI impossibilitaria a
investigação da principal empresa
do ex-ministro de FHC, a Pelé
Sports & Marketing, que teve anteontem seus sigilos bancário e
fiscal quebrados, e de sua suposta
participação em uma empresa de
mesmo nome nas Ilhas Virgens
Britânicas, um paraíso fiscal.
O lobby de Pelé visaria também
dificultar a apuração de supostas
irregularidades de seu sócio Hélio
Vianna, que depôs à CPI e não
convenceu os deputados.
Anteontem, também foi aprovada a devassa na vida fiscal e
bancária de Vianna e de mais oito
empresas ligadas ao empresário.
O contra-ataque de Pelé veio em
meio a negociações entre as lideranças da Câmara para que a comissão tenha mais tempo de vida.
Ontem, o presidente da CPI, Aldo Rebelo (PC do B-SP), admitiu
reduzir sua proposta inicial de
prorrogação de 60 para 45 dias.
Segundo ele, já há consenso entre as lideranças em torno da
prorrogação de mais um mês e
meio, que ao mesmo tempo atenderia aos interesses do governo
-que ficou contra a comissão
após o "pacotão" lançado por Calos Melles (Esporte e Turismo),
Pelé e Ricardo Teixeira, presidente da CBF- e dos membros da
CPI, que teriam tempo para elaborar e votar o relatório final.
"Não vamos conseguir os 60
dias que queríamos, mas tenho
certeza de que a prorrogação por
45 será aprovada", disse Rebelo.
Apesar do otimismo do deputado, as negociações para fechar
questão em torno do prazo avançariam até a madrugada de hoje.
Segundo a Folha apurou, PMDB e
PFL ainda não estavam fechados.
Além de Pelé, o lobby para encerrar a CPI é reforçado pela chamada bancada do futebol.
Segundo Rebelo, os deputados
ligados a clubes de futebol ameaçaram as lideranças de seus partidos para que o requerimento fosse rejeitado: se a CPI da CBF/Nike
continuasse, eles colocariam suas
assinaturas para aprovar a abertura da CPI da corrupção.
"Quando eles souberam que eu
havia sido informado sobre o plano, desistiram. Eles não contavam
com o contragolpe da CPI. Tenho
convicção de que os trabalhos não
acabam no dia 13", disse Rebelo.
A Folha procurou ontem à noite a Pelé Sports & Marketing, mas
não obteve resposta.
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