São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2006

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FUTEBOL

Limite insuportável

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Como aconteceu contra Corinthians, Palmeiras e São Caetano, o São Paulo marcou o Santos por pressão, tomou a bola com facilidade e esteve sempre perto do gol. O Barcelona também joga dessa forma, mesmo quando atua fora de casa.
Os times que marcam de longe e assistem ao adversário jogar, como os do Rio, têm poucas chances de fazer boas campanhas contra melhores equipes e em campeonatos longos, com turno e returno, como o Brasileiro.
A maioria dos técnicos não utiliza a marcação por pressão porque não sabe como fazer, há um grande desgaste físico e, principalmente, porque tem medo dos espaços deixados nas costas dos seus zagueiros. Assim Ronaldo recebeu a bola contra o Barcelona e fez um belíssimo gol.
Apesar da contusão do jogador do Barcelona no momento do lance, o "gordinho" ainda chega primeiro que os defensores quando engata uma segunda e parte para receber a bola na frente. A sua dificuldade é a atual pouca mobilidade em campo.
Volto ao clássico paulista. Não sei se estou certo ou errado, mas quase sempre vejo nas partidas muito menos pênaltis do que os árbitros e outros comentaristas. O pênalti muda tanto a historia do jogo que só deveria ser assinalado quando for claro, na possível visão do árbitro, e não das mil câmeras da TV.
Na partida de domingo, não vi os dois pênaltis marcados nem achei correta a expulsão do santista Luiz Alberto.
O gol anulado do São Paulo e o impedimento não marcado no segundo gol foram erros evidentes da arbitragem, que não precisavam da tecnologia.
A nova regra de punir todo carrinho com expulsão foi uma ótima iniciativa contra a violência, mas não pegou nem vai pegar. É difícil diferenciar corretamente, em muitos lances, quando o jogador estica a perna, toca na bola e o adversário cai -como fez o Luiz Alberto- do carrinho imprudente ou violento que devem ser punidos com expulsão.
Lances como o do Luiz Alberto são inevitáveis, freqüentes e sempre existiram.
Se o árbitro for radical no cumprimento da regra e interpretar todos os desarmes no chão como carrinhos, haverá sempre um jogador expulso e a Argentina já está eliminada da Copa.
Raros são os defensores -como Gamarra, Maldonado e Mascherano- que deslizam no gramado e geralmente tocam na bola sem atingir o adversário.
A atuação dos árbitros tem sido mais discutida nos programas de televisão do que o espetáculo, a técnica dos jogadores e a estratégia dos treinadores.
Nas transmissões da TV Globo, o comentarista da partida fala muito menos do que o da arbitragem. Isso quando o Galvão Bueno deixa os outros falarem.
Parte da mídia é também extremamente dura com os erros dos árbitros e bastante tolerante com o comportamento dos técnicos, que atropelam a regra, gritam demais e pressionam os árbitros e auxiliares. E ainda fala que o treinador joga com o time. Esse é mais um chavão que deveria desaparecer do futebol.
O comportamento agitado dos técnicos durante o jogo atingiu um limite insuportável. Os árbitros e a justiça esportiva precisam fazer algo, com urgência.
Mas muito mais grave que tudo isso foi a ofensa preconceituosa do Vanderlei Luxemburgo ao árbitro, ao dizer que foi paquerado durante a partida.
Foi mais uma mistura de exibicionismo com má educação do treinador, que precisa ser duramente punido.

Time torto
O Corinthians tem jogado torto, com os volantes Mascherano e Marcelo Mattos, o Ricardinho pela esquerda e o Roger pelo meio e próximo dos dois atacantes.
Não há o armador pela direita, que defende e ataca, mesmo quando entra o Carlos Alberto no lugar do Roger.
O problema não é ser destro ou canhoto. É a posição em campo.
Poderiam jogar o Ricardinho, o Roger e o Carlos Alberto ou o Rosinei pela direita. Aí teria de sair o eficiente Marcelo Mattos. Há outras opções, e o técnico Ademar Braga precisa tomar uma decisão. Não sei qual é a melhor.
Em qualquer equipe, nenhum jogador do meio para frente deveria atuar fixo durante todo o jogo, como é comum na Europa. Mas os atletas precisam estar bem distribuídos em campo.
Fazer isso é básico, essencial e uma obrigação do técnico.

E-mail tostao.folha@uol.com.br


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