São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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FUTEBOL

Torcedor só poderá assistir a todas as reprises se comprar pacote de sistema pay-per-view

Ver Mundial de dia custa R$ 130

FÁBIO SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL

Na Copa do Mundo da madrugada e do "monopólio global", os videoteipes serão artigos de luxo para telespectadores e emissoras de televisão brasileiras.
As Organizações Globo, por meio da TV Globo e Sportv, detêm exclusividade dos direitos de transmissão da Copa, fato inédito desde o Mundial de 1982.
Com isso, o sistema pay-per-view da Sportv estréia em Copas como única opção aos dispostos a assistir a todas as partidas sem ter de trocar o dia pela noite.
Já para as emissoras, a alternativa é negociar com a Rede Globo a compra do evento em "pedaços". A Record tem interesse em adquirir imagens. Bandeirantes e ESPN Brasil ainda estudam propostas.
Na primeira fase, o Brasil jogará às 3h30, às 6h e às 8h30.
"Já há um sinal verde de negociação com a Globo. Queremos pelos menos direitos a alguns compactos", disse Kleber Leite, vice-presidente da Traffic, empresa responsável pela programação esportiva da Record.
Sem os direitos, as concorrentes da Globo estão limitadas a mostrar os gols -de cessão obrigatória- e inserções de até 90 segundos em programas noticiosos.
A Globo deve até manter uma equipe do departamento jurídico de plantão visando fiscalizar possíveis usos indevidos de imagens.
Por imposição contratual, as emissoras só podem exibir uma reprise por dia, o que seduz o torcedor impossibilitado de inverter o fuso a desembolsar, no mínimo, R$ 129,90 pelos pacotes da Sportv.
Os pacotes garantem acesso a quatro canais do Premiere Esportes que, entre meio-dia e meia-noite, transmitirão as reprises das partidas da rodada anterior.
Para os madrugadores, a Sportv será a única emissora a televisionar os 64 jogos ao vivo. Em TV aberta, a Globo exibirá 56.
Sem o Premiere, o assinante da Sportv poderá ver o videoteipe do dia às 21h. A Globo mostrará oito compactos durante o Mundial.
As emissoras pagaram US$ 220 milhões pelos direitos e enviarão 165 profissionais à Ásia, 115 da Globo e 50 da Sportv.
Em 1998, a Globo enviou 150 pessoas à França. Pagou na época bem menos pelos direitos de transmissão -US$ 18 milhões, dos quais recuperou US$ 14 milhões negociando direitos.
Na ESPN Brasil, por exemplo, o orçamento para a Copa é de US$ 300 mil. Serão 12 enviados.
Apenas no mês passado a Globo conseguiu vender a sexta de suas cotas nacionais, todas de R$ 35 milhões cada. Falta ainda definir quem vai bancar o top de cinco segundos e as cotas de participação para veiculação de inserções de 30 segundos nos intervalos.
Em palestra recente, o diretor de desenvolvimento da Globo, Júlio Mariz, sinalizou que o balanço da Copa deverá ficar no vermelho. Mas salientou a importância estratégica da programação.
Com a distribuição de "high- lights" à concorrência, a emissora quer recuperar 40% do investimento. "A idéia é fazer ternos sob medida. Vai depender do que cada canal vai querer", disse Mariz.
Das seis cotas de R$ 8 milhões da Sportv, duas ainda estão encalhadas. "Já foi mais fácil vender cotas de patrocínio", comentou o analista de marketing da Sportv Gustavo Freudenfeld.



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