São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OLIMPÍADA

Telefonema anônimo a um jornal avisou que artefato seria detonado; explosão foi próxima a delegacia

A cem dias, 3 bombas explodem em Atenas

DA REPORTAGEM LOCAL

Um atentado colocou ontem em alerta o sistema de segurança que será montado para os Jogos de Atenas. No marco de cem dias para o início da competição, três bombas foram detonadas ao lado de uma delegacia em Kalithea.
Um telefonema anônimo a avisou sobre o atentado. Nenhum grupo havia assumido a autoria do ataque até a noite de ontem.
As duas primeiras bombas explodiram em um intervalo de cinco minutos. A última bomba foi detonada cerca de 30 minutos depois, quando a polícia grega ainda procurava o artefato.
O local do ataque fica próximo às arenas de vôlei, vôlei de praia e judô que serão utilizadas nos Jogos. Além disso, não é distante do estádio Panathinakos, que abrigará a chegada da maratona.
Segundo as autoridades gregas, uma ambulância foi chamada para transportar um policial que ficou levemente feriu no ataque.
O atentado põe em xeque o esquema de segurança montado para a Olimpíada.
Fani Petralia, secretária de Estado para a Cultura, confirmou ontem que Atenas gastará 1 bilhão com segurança, quatro vezes mais do que os Jogos de Sydney-00.
"Isso não significa que Atenas será o lugar mais seguro do mundo. Mas será o lugar mais protegido", afirmou o belga Jacques Rogge, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional).
Poucos minutos antes do atentado em Atenas, congressistas dos EUA diziam que os atrasos nas obras poderiam comprometer o esquema de segurança do evento.
De fato, segundo dados oficiais, das 39 principais instalações olímpicas, menos da metade (15) está pronta. Pior: das 24 que ainda não foram finalizadas, somente 13 estão próximas da conclusão.
Contra o relógio, o Athoc (Comitê Organizador dos Jogos de Atenas) luta para terminar tudo a tempo para, com isso, poder esquematizar o plano de segurança e testar as praças esportivas.
Local das cerimônias de abertura e encerramento, o Estádio Olímpico, que fica no principal complexo esportivo de Atenas, ainda está em reformas. O projeto, do espanhol Santiago Calatrava, prevê a instalação dos arcos de aço de 17 mil toneladas que cobrirão a arena. Até agora, porém, o local permanece descoberto.
Sem eles, também não houve nenhum ensaio das festas de abertura e encerramento dos Jogos.
O local ainda abrigará alguns dos esportes mais populares da Olimpíada, como atletismo, basquete, tênis, natação e ciclismo. A audiência de TV esperada desses eventos é de cerca de 4 bilhões de pessoas ao redor do mundo.
Ontem, Mijalis Liapis, ministro do Transporte da Grécia, disse que a via que irá unir o centro de Atenas às instalações na zona sul começará a funcionar em meados de junho. Segundo ele, haverá inspeções semanais para acompanhar a evolução das obras.
De acordo com o ministro, a linha de trem que ligará o aeroporto internacional da cidade ao Estádio Olímpico e ao centro de imprensa será inaugurada em julho.
Outra corrida contra o tempo acontece na Vila Olímpica, que está localizada aos pés da montanha de Parnis. O local servirá de alojamento para 16 mil atletas e membros das delegações.
Apesar de tudo isso, as federações olímpicas internacionais têm adotado um discurso diplomático e elogiado os progressos nas obras. Os locais de competição já abrigaram 38 eventos-teste.
Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional, tem mostrado preocupação com o assunto. Publicamente, contudo, está sendo mais comedido.
"Haverá o indispensável para ser realizada a competição. Talvez não haja elementos que não sejam imprescindíveis" afirmou Rogge.
"Com base na informação da comissão de coordenação, posso dizer que estamos em um bom momento", completou ele.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Automobilismo: F-1 aprova e antecipa megapacote da FIA
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.