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Morte coloca organizadas na mira
DA REPORTAGEM LOCAL
O torcedor Marcos Daniel Cardoso, 16, morreu na madrugada
de ontem após ter sofrido um
traumatismo craniano numa briga entre corintianos e palmeirenses antes do clássico de domingo.
O confronto aconteceu perto da
estação Barra Funda do metrô.
Cardoso, que se dirigia ao jogo,
foi atendido no Pronto-Socorro
da Barra Funda e liberado. Na segunda-feira, sentiu-se mal e foi internado em estado crítico no Hospital Santa Cecília. Cerca de seis
horas depois, ele morreu durante
uma cirurgia para a retirada de
um coágulo do cérebro.
Segundo Maria Elza Souza Rosário, 40, amiga da família do torcedor, os parentes estudam entrar
na Justiça contra o médico que liberou Cardoso no domingo.
A diretora do Pronto-Socorro
da Barra Funda, Castálide Lopes,
42, afirma que Cardoso teve alta
depois de avaliação neurológica
detalhada. "O traumatismo pode
levar dias para se manifestar", diz,
sem revelar o nome do médico.
O promotor público Fernando
Capez afirma que começou a investigar o caso. "Queremos saber
o motivo para as duas torcidas estarem lá e para existirem poucos
policiais no local", declarou.
"Estávamos no local da briga,
mas temos muitos lugares para
tomar conta", relatou o coronel
da PM Marcos Marinho.
Capez quer investigar também
se houve a participação de diretores das organizadas Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel na briga.
Torcedores com camisas das duas
uniformizadas aparecem em imagens gravadas pela TV Record
num tumulto que seria o mesmo
em que o corintiano foi agredido.
Segundo ele, as torcidas assinaram acordo se comprometendo a
expulsar sócios que briguem.
Pelo Estatuto do Torcedor, os
organizadores do Brasileiro e o
clube mandante, no caso o Corinthians, têm a "obrigação de implementar planos de ação referentes a segurança e transporte".
"É uma situação nova. Temos
que estudar melhor o caso antes
de afirmar que os organizadores
são responsáveis por algo que
aconteceu fora do estádio no dia
da partida", analisou Capez.
O estatuto determina que os
clubes se responsabilizem por
prejuízos dos torcedores e por falhas na segurança no estádio.
A morte do corintiano vai causar um retrocesso na volta das organizadas aos estádios. Por entregar seus cadastros às autoridades,
a Mancha havia sido liberada para
entrar com faixas e camisas, mas a
permissão será suspensa, segundo Capez. A Gaviões conseguiu
esse direito graças a uma liminar.
A Folha telefonou ontem das
16h às 20h20 para os celulares dos
presidentes da Gaviões da Fiel,
Ronaldo Pinto, e da Mancha Alviverde, Jânio Carvalho Santos, mas
não obteve resposta.
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