Declarações de técnico contra Pedro e Tiuí contrariam direção do clube e dividem time na véspera da final do Paulista

Mal-estar faz conselheiros armarem pressão pela queda do treinador caso a equipe falhe na busca da taça contra o São Caetano

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Vanderlei Luxemburgo estragou o plano de Marcelo Teixeira para abafar a crise gerada pelas acusações de Rodrigo Tiuí e Pedro contra o técnico. Anteontem, assim que soube das queixas dos jogadores em público, o presidente santista pediu que sua diretoria não alimentasse a polêmica, às vésperas da decisão do Paulista, amanhã, contra o São Caetano. Porém a dura resposta de Luxemburgo aos jogadores, dada anteontem à noite, tumultuou ainda mais os bastidores do time do Vila Belmiro. Conselheiros da oposição e da situação não gostaram de ouvir o treinador dizer que havia conseguido investidores para comprar os direitos federativos de Tiuí junto ao Fluminense, antes de se desentender com o atacante.
"Isso mostra que o Santos vive a república do CT. Ou seja, o técnico, que fica no CT, manda mais do que o presidente, instalado na Vila Belmiro", afirmou Celso Leite, conselheiro da oposição santista. Os descontentes vão exigir a demissão do técnico se o time perder o título estadual. Parte da diretoria crê que o atrito dividiu o time, que está em Atibaia, entre defensores do técnico e solidários aos colegas. Os únicos jogadores que deram entrevistas ontem mostraram opiniões diferentes. Antônio Carlos, homem de confiança de Luxemburgo, apoiou o treinador. "As críticas que eles fizeram ao técnico foram injustas", disse o zagueiro.
"Agradeço ao Tiuí e ao Pedro por terem ajudado na nossa campanha", afirmou Zé Roberto. Como Luxemburgo, o meia é agenciado por Juan Figer, a quem Teodoro da Fonseca, empresário da dupla, é ligado. Fonseca é um dos pivôs da crise, já que Tiuí acusa o treinador de tentar forçá-lo a trocar seu procurador por Angelo Pimentel, amigo do técnico.
Luxemburgo confirma ter feito a indicação. "O treinador tem aval do presidente para seguir nas negociações até certo ponto. Ele arrumou mesmo investidores, e não há nada demais nisso", diz Luiz Antonio Capella, diretor de futebol. Para ele, as queixas contra Luxemburgo são "de quem quer tumultuar o ambiente".