São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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SONINHA

Sem surpresas na caixinha


Podia ter dado tudo errado, mas não deu... E o Palmeiras de Marcos e Luxemburgo é (o merecido) campeão de novo

"A PONTE pode ganhar do Palmeiras no Parque Antarctica por dois gols de diferença?" Claro que podia.
Era proibido, por acaso? Ou como queriam, obviamente, saber os que fizeram a pergunta no domingo à tarde, era impossível? Quase não existe impossível no futebol (frase mais bombástica do que a manjada ""caixinha de surpresas", mas que quer dizer praticamente a mesma coisa).
Os registros históricos sempre assinalam qual foi o gol mais rápido de cada campeonato, mas muito mais emocionantes são os mais tardios especialmente quando acontecem assim, no plural. Como na final da Copa dos Campeões de 99: o Bayern abriu o placar aos 6 minutos e era o campeão até os 46 do segundo tempo, quando o Manchester marcou um gol e outro aos 48. Os autores tinham vindo do banco, os dois!
Há outros episódios inesquecíveis como esse: a virada do Liverpool contra o Milan em 2005, a do Vasco contra o Palmeiras na Mercosul em 2000... Se é possível vencer em 3 minutos um jogo que estava perdido nos 90 anteriores, por que não seria com mais tempo?
Mas ontem não teve tanta emoção, ou melhor, tanto sobressalto, e nenhuma recuperação milagrosa a servir de exemplo para os desesperados... Os momentos de maior aflição no estádio que recebeu a final do Paulista foram de outra natureza, aliás muito mais séria: quando houve tumulto nas arquibancadas.
Após o vexame em Recife, o dono da casa tratou logo de tranqüilizar a si mesmo e à torcida: foi para o intervalo tendo de sofrer 4 gols para perder a taça. E para consolar-se de vez do outro número 4 da semana, terminou a partida com 5 a seu favor: 4 legítimos, um com impedimento na jogada, mas um antológico do seu camisa 10, que valeria por dois.
Foi lindo. A temporada começa bem, apesar da queda feia na quarta-feira. O Palmeiras fez um belo campeonato, em que as qualidades individuais e a sintonia coletiva foram desabrochando de maneira constante e segura à medida que o time amadurecia. Os destaques se revezavam ou se completavam: um dia Kléber, no outro Léo Lima.
Às vezes Diego Souza e Valdivia brilhavam juntos. Henrique parecia veteraníssimo; Marcos foi ótima revelação outra vez. Merecem aparecer de novo na seleção brasileira? E o time terminou com o artilheiro do Paulista. Sobrou para a Ponte, que não merecia perder de tanto.
E tem ele: Luxemburgo. Porca la miséria, que estrela! Que casamento feliz com o Palmeiras. A segurança com que aposta em si mesmo é admirável. Voltou para o clube em que escreveu belíssima história, com vários capítulos gloriosos, mas também com um trecho amargo, mal resolvido a saída no ano da queda para a Série B. Aceitou o desafio de encerrar a fila, o risco enorme de comandar um time caro. Denílson?
"Pode vir que eu garanto". Léo Lima?
Idem. E se ele acredita, o jogador também.
A trajetória teve de tudo: a desconfiança inicial, belas viradas, quebra de tabu, clássicos inesquecíveis.
Um campeão merecido, sem dúvida.
E Luxemburgo, merece outra chance na seleção? Hoje o cargo não está vago. Mas um dia talvez ele volte, e talvez a gente goste.

soninha.folha@uol.com.br


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