São Paulo, terça-feira, 05 de maio de 2009

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Corinthians se esquiva no caso dos ingressos falsos

Clube empurra para a BWA o ônus pelos bilhetes falsificados na final do Paulista

Empresa diz ter feito seu trabalho, mas sugere que sistema "mais moderno" poderia ter evitado a fraude na decisão no Pacaembu

EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
PAULO COBOS
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia depois da grande confusão provocada pela enxurrada de ingressos falsos na decisão do Paulista, Corinthians e BWA, a empresa que confecciona e comercializa os bilhetes, fazem jogo de empurra na apuração dos culpados pelos transtornos no jogo.
O clube, apesar de mandante da final contra o Santos, no Pacaembu e, de acordo com o Estatuto do Torcedor, ter responsabilidade pelo o que ocorre na partida, se exime de qualquer culpa relacionada às entradas falsas e joga para a empresa que contratou o ônus do caso.
Já a BWA diz ter feito seu trabalho e aproveita a confusão para promover seu mais moderno sistema de venda e controle de bilhetes, classificando-o como a única coisa capaz de evitar novos tumultos como os de anteontem, no estádio municipal paulistano.
"Os ingressos não chegam nas nossas mãos. A venda, o controle nas catracas, tudo é feito pela BWA", afirma Lúcio Blanco, supervisor de arrecadação do Corinthians. "Só recebo os ingressos que peço para setores especiais, como para a venda dos pacotes da Timão Tur", complementa.
Segundo Blanco, o clube pretende conversar com a empresa para apurar o que ocorreu.
Para Bruno Balsimelli, executivo da BWA, a única solução para evitar novos problemas com venda de ingressos falsos é a implantação do sistema desenvolvido pela empresa, que usa um cartão recarregável e pessoal, adquirido pelos torcedores após um cadastramento no site da Ingresso Fácil.
"No domingo, 170 já utilizaram esse sistema para ver a final", diz Balsimelli.
O empresário contesta o alto número de ingressos falsos. Segundo ele, pouco mais de 10 pessoas deram queixa no Jecrim. "Elas disseram que haviam adquirido nas bilheterias, na quarta-feira à tarde. Mas as bilheterias fecharam por volta de 9h30 da manhã. Depois, confessaram que compraram de cambistas", afirmou.
A versão é confirmada por Lúcio Blanco, exceto pelo horário do término das vendas. Segundo o dirigente corintiano, as bilheterias fecharam entre 11h30 e 12h da quarta-feira.
Os ingressos falsos, segundo Balsimelli, teriam sido confeccionados em Santos.
Tudo isso gira em torno de uma partida em que o Corinthians pagou mais caro para a BWA lhe prestar os serviços relacionados a ingressos.
Segundo o borderô divulgado ontem no site de Federação Paulista de Futebol, o clube debitou R$ 178.388,50 da renda como custo de ingressos. Isso equivale a mais de R$ 5,00 por entrada vendida.
O custo do duelo derradeiro do Paulista para o Corinthians, como mandante, foi bem mais alto do que, por exemplo, o jogo em que o time recebeu o São Paulo, no mesmo estádio e contratando os serviços da mesma empresa, pelas semifinais.
No jogo de ida dos primeiros mata-matas, diante do time do Morumbi, a BWA cobrou R$ 108.026,00 pelo serviço, conforme também consta no borderô oficial daquele jogo. Isso significa que a empresa recebeu pouco mais de R$ 3,50 por bilhete vendido naquela semifinal do Paulista.


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