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Facção da Gaviões é 1ª suspeita
Nascido depois de um racha na maior torcida organizada corintiana, grupo tem histórico violento
Organizadas dizem que só policiamento especializado pode diminuir ocorrências de conflitos generalizados entre torcedores em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
A Gaviões da Fiel Torcida -
Movimento Ideológico Rua São
Jorge, uma facção de dissidentes da organizada Gaviões da
Fiel, está na mira da Polícia Civil. Ela é a principal suspeita de
orquestrar a batalha campal
anteontem, dia da partida entre
Corinthians e Vasco pelas semifinais da Copa do Brasil.
As autoridades investigam a
possibilidade de a Gaviões da
Rua São Jorge ter armado uma
emboscada para os torcedores
vascaínos na marginal Tietê,
mas também não descarta a
possibilidade de ter sido um encontro casual entre as torcidas,
que acabou em confusão.
Bruno Ribeiro, vice-presidente da Força Jovem, agremiação vascaína que participou
do conflito, nega que a briga tenha sido provocada pelos torcedores do clube carioca. "Eles
[corintianos] estavam armados
esperando a gente. Jogaram pedras, fogos [de artifício] e deram tiro. Ficou marca de tiro na
lataria de um ônibus", disse.
A possibilidade de uma ação
premeditada é reforçada por
texto publicado no blog de um
integrante da torcida paulista.
"A pancadaria também é
bom, faz bem para rejuvenescer a alma, mas com moderação. E, para os pregos que
acham o contrário, fiquem vocês sabendo que a Gaviões é reconhecida mundialmente por
defender sempre o seu nome
na base da pancada."
A Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) investiga a torcida desde sua criação, em 2007. A polícia diz que o grupo é formado
atualmente por 800 pessoas.
"O grau de violência dessa
torcida é grande", disse a delegada Margarette Barreto, da
Decradi. Segundo ela, o grupo
já se envolveu em outros episódios violentos, como brigas no
metrô, e teve seus ônibus de
torcida interceptados pela polícia carregando armas caseiras.
A Gaviões da Rua São Jorge
alugou uma casa que é usada
como sede informal. Policiais
foram até esse local ontem para
apreender documentos e fichas
de identificação dos membros.
Wildner de Paula Rocha, o
Pulguinha, ex-presidente da
Gaviões da Fiel e um dos que
organizaram a dissidência, nega que a torcida seja adepta da
violência. "O que está escrito
no blog deve ser coisa de algum
membro fanático que levou
nosso lema ao extremo", disse
ele, acrescentando que a facção
ainda faz parte da Gaviões da
Fiel. O lema da torcida é "Amor
ao Corinthians acima de tudo".
"Na Gaviões, nós somos sócios, mas não frequentamos a
sede", declarou Pulguinha.
A Gaviões da Fiel, por meio
de sua assessoria de imprensa,
nega vínculo com o grupo dissidente. "Eles não mais fazem
parte da torcida. Devem pagar
mensalidade só para manter
vínculo e dividir a responsabilidade nas horas difíceis."
Para outras três organizadas
do Estado, só uma polícia especial pode reduzir os conflitos.
"A mesma polícia que invade
penitenciária é a que cuida dos
torcedores. Se a polícia vem
com violência, vai receber violência. É preciso gente especializada para cuidar das torcidas,
e diálogo", declara Luís Lacerda, presidente da são-paulina
Independente. André Guerra,
presidente da palmeirense
Mancha Alviverde, concorda
com a solução. "É preciso uma
polícia só para torcedores."
Denis de Almeida, diretor da
Torcida Jovem do Santos,
emendou. "Em organizada, não
tem só santo, mas tem quem estuda e trabalha. O problema é
que a polícia, treinada para trocar tiros com traficantes, trata
os torcedores como bandidos."
Colaborou a Sucursal do Rio
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