São Paulo, sexta-feira, 05 de junho de 2009

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Facção da Gaviões é 1ª suspeita

Nascido depois de um racha na maior torcida organizada corintiana, grupo tem histórico violento

Organizadas dizem que só policiamento especializado pode diminuir ocorrências de conflitos generalizados entre torcedores em SP


DA REPORTAGEM LOCAL

A Gaviões da Fiel Torcida - Movimento Ideológico Rua São Jorge, uma facção de dissidentes da organizada Gaviões da Fiel, está na mira da Polícia Civil. Ela é a principal suspeita de orquestrar a batalha campal anteontem, dia da partida entre Corinthians e Vasco pelas semifinais da Copa do Brasil.
As autoridades investigam a possibilidade de a Gaviões da Rua São Jorge ter armado uma emboscada para os torcedores vascaínos na marginal Tietê, mas também não descarta a possibilidade de ter sido um encontro casual entre as torcidas, que acabou em confusão.
Bruno Ribeiro, vice-presidente da Força Jovem, agremiação vascaína que participou do conflito, nega que a briga tenha sido provocada pelos torcedores do clube carioca. "Eles [corintianos] estavam armados esperando a gente. Jogaram pedras, fogos [de artifício] e deram tiro. Ficou marca de tiro na lataria de um ônibus", disse.
A possibilidade de uma ação premeditada é reforçada por texto publicado no blog de um integrante da torcida paulista.
"A pancadaria também é bom, faz bem para rejuvenescer a alma, mas com moderação. E, para os pregos que acham o contrário, fiquem vocês sabendo que a Gaviões é reconhecida mundialmente por defender sempre o seu nome na base da pancada."
A Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) investiga a torcida desde sua criação, em 2007. A polícia diz que o grupo é formado atualmente por 800 pessoas.
"O grau de violência dessa torcida é grande", disse a delegada Margarette Barreto, da Decradi. Segundo ela, o grupo já se envolveu em outros episódios violentos, como brigas no metrô, e teve seus ônibus de torcida interceptados pela polícia carregando armas caseiras.
A Gaviões da Rua São Jorge alugou uma casa que é usada como sede informal. Policiais foram até esse local ontem para apreender documentos e fichas de identificação dos membros.
Wildner de Paula Rocha, o Pulguinha, ex-presidente da Gaviões da Fiel e um dos que organizaram a dissidência, nega que a torcida seja adepta da violência. "O que está escrito no blog deve ser coisa de algum membro fanático que levou nosso lema ao extremo", disse ele, acrescentando que a facção ainda faz parte da Gaviões da Fiel. O lema da torcida é "Amor ao Corinthians acima de tudo".
"Na Gaviões, nós somos sócios, mas não frequentamos a sede", declarou Pulguinha.
A Gaviões da Fiel, por meio de sua assessoria de imprensa, nega vínculo com o grupo dissidente. "Eles não mais fazem parte da torcida. Devem pagar mensalidade só para manter vínculo e dividir a responsabilidade nas horas difíceis."
Para outras três organizadas do Estado, só uma polícia especial pode reduzir os conflitos.
"A mesma polícia que invade penitenciária é a que cuida dos torcedores. Se a polícia vem com violência, vai receber violência. É preciso gente especializada para cuidar das torcidas, e diálogo", declara Luís Lacerda, presidente da são-paulina Independente. André Guerra, presidente da palmeirense Mancha Alviverde, concorda com a solução. "É preciso uma polícia só para torcedores."
Denis de Almeida, diretor da Torcida Jovem do Santos, emendou. "Em organizada, não tem só santo, mas tem quem estuda e trabalha. O problema é que a polícia, treinada para trocar tiros com traficantes, trata os torcedores como bandidos."


Colaborou a Sucursal do Rio


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