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São Paulo, sábado, 05 de julho de 2003

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MOTOR

Corrida a seco

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

A Minardi causou um rebuliço ontem em Magny-Cours. Nem tanto pelos sete segundos de Verstappen em Schumacher. O que mexeu com a F-1 foi uma ameaça de Paul Stoddart. O empresário australiano afirmou que vai apresentar protestos contra todos os rivais logo após a corrida de Silverstone.
Stoddart explicou que seus dois pilotos vão entrar na pista inglesa, no próximo dia 20, sem nenhum tipo de ajuda. Especificamente, sem controle de tração e largada, sem câmbio automático, sem rádio e até sem a garrafinha d'água. Para o cartola, tudo isso pode ser enquadrado como auxílio à pilotagem, e isso é proibido pelo regulamento esportivo.
Palhaçada? Nem tanto. Foi justamente esse o argumento que Max Mosley usou no começo do ano para bradar que a eletrônica ativa estava banida da categoria. E que o tal banimento seria adiado até a metade da temporada, o GP da Inglaterra, exclusivamente para os times terem tempo de se adaptar, leia-se, não minar o nível de segurança dos carros.
Mais tarde, porém, Mosley fez um acordo com as grandes equipes e liberou os dispositivos até o final do ano. A partir de 2004, tudo cai, com exceção do controle de tração e da telemetria passiva. A contrapartida é o fornecimento, a preços módicos, de motores decentes aos times pequenos, entre outras medidas feitas a pretexto de cortar custos e subsidiar a participação dos sem-montadora.
Stoddart, que já havia tido um faniquito no Canadá e votado contra as mudanças para 2004 -ganhou um cala-boca de Ecclestone, que se tornou acionista do time-, não ficou satisfeito e resolveu fazer barulho de novo.
Questionado pela agência Reuters se havia alguma chance de o protesto dar certo, Mosley não se contradisse. "A proibição está no regulamento há anos. Se houver um protesto, será um problema para os comissários analisarem." Mas existe a chance de 18 carros serem desclassificados? "Teoricamente sim. Mas é preciso lembrar que os outros times vão apelar e terão, claro, seus argumentos."
Ou seja, a coisa toda pode acabar não apenas na torre de controle, mas muito provavelmente em um tribunal. É evidente que Stoddart aguarda um novo biscoito para ficar quieto na última fila, como eterno coadjuvante que é. Ocorre que a crise é tão aguda para as nanicas que mesmo para correr em último falta dinheiro.
O interessante da história é a inteligência do empresário, que virou milionário graças a verdadeiras estripulias comerciais -montou uma companhia aérea do zero adquirindo aparelhos usados do governo australiano.
Com uma ameaça simples, que não deve afetar seu desempenho -continuará último, com ou sem eletrônica-, coloca a F-1 em xeque com um argumento pífio, mas utilizado há poucos meses pelo presidente da FIA. E, de quebra, ainda mostra a conta para as montadoras, que já não se entendem nem dentro da GPWC.
Esperava-se que o novo formato da F-1 minasse o poderio da Ferrari e equilibrasse a disputa. O que ninguém imaginava é que ela daria forças até à última fila.

Mosley ataca
O presidente da FIA continua tendo idéias. Quer aprimorar o sistema de classificação e ainda atender às exigências dos times, que criticam muito o regime de parque fechado noite adentro. E qual é a solução para atender público e equipes? Fazer tudo no domingo, segundo o cartola. Apenas treinos livres na sexta, mais livres e pré-classificatório no sábado e definição do grid na manhã de domingo, horas antes da corrida. Loucura? Sim, sem falar que a TV dificilmente vai abrir mão de um dia de transmissão com algo real para mostrar.

Ôps
Leitor escreve para apontar um equívoco na última coluna. Montréal-95 não foi o primeiro pódio de Barrichello. Ele já havia sido terceiro em Aida-94. No Canadá, chegou pela primeira vez em segundo.

E-mail mariante@uol.com.br


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