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MOTOR
Corrida a seco
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
A Minardi causou um rebuliço ontem em Magny-Cours. Nem tanto pelos sete segundos de Verstappen em Schumacher. O que mexeu com a F-1
foi uma ameaça de Paul Stoddart. O empresário australiano
afirmou que vai apresentar protestos contra todos os rivais logo
após a corrida de Silverstone.
Stoddart explicou que seus dois
pilotos vão entrar na pista inglesa, no próximo dia 20, sem nenhum tipo de ajuda. Especificamente, sem controle de tração e
largada, sem câmbio automático,
sem rádio e até sem a garrafinha
d'água. Para o cartola, tudo isso
pode ser enquadrado como auxílio à pilotagem, e isso é proibido
pelo regulamento esportivo.
Palhaçada? Nem tanto. Foi justamente esse o argumento que
Max Mosley usou no começo do
ano para bradar que a eletrônica
ativa estava banida da categoria.
E que o tal banimento seria adiado até a metade da temporada, o
GP da Inglaterra, exclusivamente
para os times terem tempo de se
adaptar, leia-se, não minar o nível de segurança dos carros.
Mais tarde, porém, Mosley fez
um acordo com as grandes equipes e liberou os dispositivos até o
final do ano. A partir de 2004, tudo cai, com exceção do controle
de tração e da telemetria passiva.
A contrapartida é o fornecimento, a preços módicos, de motores
decentes aos times pequenos, entre outras medidas feitas a pretexto de cortar custos e subsidiar a
participação dos sem-montadora.
Stoddart, que já havia tido um
faniquito no Canadá e votado
contra as mudanças para 2004
-ganhou um cala-boca de Ecclestone, que se tornou acionista
do time-, não ficou satisfeito e
resolveu fazer barulho de novo.
Questionado pela agência Reuters se havia alguma chance de o
protesto dar certo, Mosley não se
contradisse. "A proibição está no
regulamento há anos. Se houver
um protesto, será um problema
para os comissários analisarem."
Mas existe a chance de 18 carros
serem desclassificados? "Teoricamente sim. Mas é preciso lembrar
que os outros times vão apelar e
terão, claro, seus argumentos."
Ou seja, a coisa toda pode acabar não apenas na torre de controle, mas muito provavelmente
em um tribunal. É evidente que
Stoddart aguarda um novo biscoito para ficar quieto na última
fila, como eterno coadjuvante que
é. Ocorre que a crise é tão aguda
para as nanicas que mesmo para
correr em último falta dinheiro.
O interessante da história é a
inteligência do empresário, que
virou milionário graças a verdadeiras estripulias comerciais
-montou uma companhia aérea
do zero adquirindo aparelhos
usados do governo australiano.
Com uma ameaça simples, que
não deve afetar seu desempenho
-continuará último, com ou sem
eletrônica-, coloca a F-1 em xeque com um argumento pífio,
mas utilizado há poucos meses
pelo presidente da FIA. E, de quebra, ainda mostra a conta para as
montadoras, que já não se entendem nem dentro da GPWC.
Esperava-se que o novo formato
da F-1 minasse o poderio da Ferrari e equilibrasse a disputa. O
que ninguém imaginava é que ela
daria forças até à última fila.
Mosley ataca
O presidente da FIA continua tendo idéias. Quer aprimorar o sistema de classificação e ainda atender às exigências dos times, que criticam muito o regime de parque fechado noite adentro. E qual é a solução para atender público e equipes? Fazer tudo no domingo, segundo o cartola. Apenas treinos livres na sexta, mais livres e pré-classificatório no sábado e definição do grid na manhã de domingo, horas
antes da corrida. Loucura? Sim, sem falar que a TV dificilmente vai
abrir mão de um dia de transmissão com algo real para mostrar.
Ôps
Leitor escreve para apontar um equívoco na última coluna. Montréal-95 não foi o primeiro pódio de Barrichello. Ele já havia sido terceiro em Aida-94. No Canadá, chegou pela primeira vez em segundo.
E-mail mariante@uol.com.br
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