São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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Grosso!

Equipe sem craques artilheiros, mas fortíssima no conjunto, Itália arranca vitória sobre anfitriã Alemanha na prorrogação e busca o tetra no domingo

GUILHERME ROSEGUINI
UIRÁ MACHADO
ENVIADOS ESPECIAIS A DORTMUND

MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL

Fabio Grosso não sabia o que fazer. Correu atarantado pelo campo e desabou. As mãos cobrindo o rosto, como se não acreditasse em seu último ato.
Restava um minuto para o fim do segundo tempo da prorrogação, o Westfalenstadion lotado já esperava os pênaltis para definir o primeiro finalista da Copa. Foi quando seu companheiro Pirlo dominou a bola e lhe entregou na área. Grosso, lateral-esquerdo de 1,90 m, bateu de primeira. Bola açucarada, sem chance para Lehmann.
Um gol capaz de calar uma torcida ruidosa, que jamais vira a Alemanha cair em Dortmund. Um gol capaz de desanimar um rival que brilhou no Mundial pela capacidade de buscar o triunfo sempre. E um gol que revela um elenco que, se não tem craque artilheiro, prospera com a força do conjunto.
Com os anfitriões entregues, ainda houve tempo para o veterano Alessandro del Piero, 31, selar os 2 a 0 que estendem a invencibilidade italiana contra a Alemanha em Copas. Agora, são cinco duelos sem derrotas.
Seu tento revela uma estatística que impressiona. Dez atletas fizeram os 11 gols da Itália. Nenhum finalista na história ou semifinalista nesta Copa dispersa tanto a função de definir o jogo. E não há um craque absoluto na Azzurra, o nome do time, como Ronaldo foi para o Brasil em 2002, Zidane para a França em 1998 ou Paolo Rossi para a própria Itália em 1982 -marcou seis dos 12 gols no tri.
Com o triunfo italiano, é só a segunda vez desde 1950 que a final da Copa não terá Alemanha ou Brasil. A outra foi em 1978 -Argentina x Holanda.
"Seria injustiça se não vencêssemos. Os alemães não podem dizer o mesmo", afirmou o técnico Marcelo Lippi. De fato, seu time foi melhor. Após um primeiro tempo em alta voltagem -com 27º C- e chances perdidas de ambos os lados, o cansaço bateu. O jogo esfriou na etapa final. O 0 a 0 persistiu.
Depois, porém, não houve modorra. Na primeira metade do tempo extra, duas bolas italianas acertaram a trave de Lehmann. Era um prelúdio de que a noite alemã não seria como a do último dia 14. Na ocasião, o time da casa bateu a Polônia na mesma Dortmund, em seu segundo duelo na Copa, com gol nos acréscimos.
Ontem, coube a Grosso definir no final. "Merecemos. Vamos mostrar nosso valor e lutar pelo título", disse o lateral.
A Alemanha tentou reagir. Com Jürgen Klinsmann quase dentro de campo, o time ainda chutou a gol, com Ballack. Para fora. O gol de Del Piero em seguida fez todos desabarem no gramado. Klinsmann, mãos à cabeça, ficou estático. "É difícil perder. Foi um jogo parelho."
Seu colega italiano discorda. Lippi invadiu o campo pulando. Depois, disse que a alegria não era só pelo resultado. "O que mais me deixa feliz é que quase não demos chances. Em Berlim, bastará uma Itália assim."


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