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Grosso!
Equipe sem craques artilheiros, mas fortíssima no conjunto, Itália arranca vitória sobre anfitriã Alemanha na prorrogação e busca o tetra no domingo
GUILHERME ROSEGUINI
UIRÁ MACHADO
ENVIADOS ESPECIAIS A DORTMUND
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL
Fabio Grosso não sabia o que
fazer. Correu atarantado pelo
campo e desabou. As mãos cobrindo o rosto, como se não
acreditasse em seu último ato.
Restava um minuto para o
fim do segundo tempo da prorrogação, o Westfalenstadion lotado já esperava os pênaltis para definir o primeiro finalista
da Copa. Foi quando seu companheiro Pirlo dominou a bola
e lhe entregou na área. Grosso,
lateral-esquerdo de 1,90 m, bateu de primeira. Bola açucarada, sem chance para Lehmann.
Um gol capaz de calar uma
torcida ruidosa, que jamais vira
a Alemanha cair em Dortmund.
Um gol capaz de desanimar um
rival que brilhou no Mundial
pela capacidade de buscar o
triunfo sempre. E um gol que
revela um elenco que, se não
tem craque artilheiro, prospera
com a força do conjunto.
Com os anfitriões entregues,
ainda houve tempo para o veterano Alessandro del Piero, 31,
selar os 2 a 0 que estendem a invencibilidade italiana contra a
Alemanha em Copas. Agora,
são cinco duelos sem derrotas.
Seu tento revela uma estatística que impressiona. Dez atletas fizeram os 11 gols da Itália.
Nenhum finalista na história
ou semifinalista nesta Copa
dispersa tanto a função de definir o jogo. E não há um craque
absoluto na Azzurra, o nome do
time, como Ronaldo foi para o
Brasil em 2002, Zidane para a
França em 1998 ou Paolo Rossi
para a própria Itália em 1982
-marcou seis dos 12 gols no tri.
Com o triunfo italiano, é só a
segunda vez desde 1950 que a
final da Copa não terá Alemanha ou Brasil. A outra foi em
1978 -Argentina x Holanda.
"Seria injustiça se não vencêssemos. Os alemães não podem dizer o mesmo", afirmou o
técnico Marcelo Lippi. De fato,
seu time foi melhor. Após um
primeiro tempo em alta voltagem -com 27º C- e chances
perdidas de ambos os lados, o
cansaço bateu. O jogo esfriou
na etapa final. O 0 a 0 persistiu.
Depois, porém, não houve
modorra. Na primeira metade
do tempo extra, duas bolas italianas acertaram a trave de
Lehmann. Era um prelúdio de
que a noite alemã não seria como a do último dia 14. Na ocasião, o time da casa bateu a Polônia na mesma Dortmund, em
seu segundo duelo na Copa,
com gol nos acréscimos.
Ontem, coube a Grosso definir no final. "Merecemos. Vamos mostrar nosso valor e lutar
pelo título", disse o lateral.
A Alemanha tentou reagir.
Com Jürgen Klinsmann quase
dentro de campo, o time ainda
chutou a gol, com Ballack. Para
fora. O gol de Del Piero em seguida fez todos desabarem no
gramado. Klinsmann, mãos à
cabeça, ficou estático. "É difícil
perder. Foi um jogo parelho."
Seu colega italiano discorda.
Lippi invadiu o campo pulando.
Depois, disse que a alegria não
era só pelo resultado. "O que
mais me deixa feliz é que quase
não demos chances. Em Berlim, bastará uma Itália assim."
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