São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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Defensiva, Itália aposta na ousadia para vencer

Com dois gols ontem, Azzurra iguala Alemanha como melhor ataque da Copa

No final da prorrogação, treinador Marcello Lippi decide apostar em três atacantes, e time consegue em 2 minutos a vaga na final


David Hecker/France Presse
O atacante Del Piero, que entrou apenas durante a prorrogação, comemora seu gol, o segundo da Itália na vitória sobre os anfitriões, em Dortmund, ontem


DOS ENVIADOS ESPECIAIS A DORTMUND

Que a Itália é defensiva por tradição, isso ninguém nega. E, revertendo seu histórico, a Azzurra partiu para o ataque na prorrogação de ontem. Além da vaga na final, os italianos passaram a ter, ao lado dos donos da casa, o melhor ataque da competição, com 11 gols marcados.
O técnico Marcello Lippi, porém, nega que tenha exposto a equipe com a tática no momento mais crucial da Copa: "Nos arriscamos muito pouco. A Alemanha só deu um chute a gol".
Na verdade, foram dois. Para Lippi, não importa que um tenha passado perto do travessão e, outro, obrigado Buffon a fazer grande defesa. Foram os únicos lances de real perigo para a Itália em 120 minutos.
"Esses rapazes são especiais. Eles estão fazendo uma nação sonhar", afirmou o treinador.
Com o resultado, a Itália chega a uma final de Copa 12 anos depois de ter disputado uma outra final (1994). O ciclo vem se repetindo desde 1970.
Neste Mundial, Lippi vem reiteradamente destacando o papel do grupo. E a vitória mais difícil e mais importante da Azzurra sob seu comando veio exatamente quando ele, pela primeira vez em 29 jogos à frente da equipe, repetiu a escalação em dois jogos seguidos.
Se o time que entrou em campo na partida foi o mesmo que enfrentou a Ucrânia nas quartas-de-final, o que terminou não foi. E foram exatamente as mudanças que deram a vitória e a vaga à Itália.
Pouco antes de terminar o tempo regulamentar, Lippi pedia tranqüilidade. Com uma mão, segurou a bola que saiu perto do banco; com a outra, pediu calma ao jogador que bateria o lateral: Grosso.
O pedido, porém, tinha prazo certo para acabar. O treinador voltou para a prorrogação com mais um atacante no time.
Mudava, assim, o esquema tático que lhe garantira a vitória por 3 a 0 sobre a Ucrânia nas quartas-de-final. O 4-4-1-1 mudou para 4-4-2 quando o volante Camoranesi saiu, dando lugar ao atacante Iaquinta.
Treze minutos depois, nova mudança do treinador: saiu o volante Perrotta para entrar o atacante Del Piero. Lippi, a 15 minutos do final da prorrogação, deixava a historicamente defensiva Itália com três atacantes. A estratégia deu certo.
"Controlamos a partida, jogamos melhor e merecemos a vitória", comemorou o técnico italiano. É sua primeira Copa.
"Nós sofremos, mas o sofrimento nos fez curtir mais essa vitória. A satisfação é enorme. Se havia um time que tinha de vencer, esse time era o nosso", completou o treinador.
Del Piero, autor do segundo gol da Azzurra, não encontrava "palavras para descrever" o que sentia. "Fui alvo de críticas recentemente, mas hoje demonstrei que meu desejo é tão grande quanto o dos outros."
Aos 31 anos e atuando pela forte Juventus de Turim, vem sendo deixado na reserva de Luca Toni, artilheiro do último "calcio", mas que nunca jogou por grandes equipes.


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Grosso!

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