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Defensiva, Itália aposta na ousadia para vencer
Com dois gols ontem, Azzurra iguala Alemanha como melhor ataque da Copa
No final da prorrogação, treinador Marcello Lippi decide apostar em três atacantes, e time consegue em 2 minutos a vaga na final
David Hecker/France Presse
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O atacante Del Piero, que entrou apenas durante a prorrogação, comemora seu gol, o segundo da Itália na vitória sobre os anfitriões, em Dortmund, ontem |
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A DORTMUND
Que a Itália é defensiva por
tradição, isso ninguém nega. E,
revertendo seu histórico, a Azzurra partiu para o ataque na
prorrogação de ontem. Além da
vaga na final, os italianos passaram a ter, ao lado dos donos da
casa, o melhor ataque da competição, com 11 gols marcados.
O técnico Marcello Lippi, porém, nega que tenha exposto a
equipe com a tática no momento mais crucial da Copa: "Nos
arriscamos muito pouco. A Alemanha só deu um chute a gol".
Na verdade, foram dois. Para
Lippi, não importa que um tenha passado perto do travessão
e, outro, obrigado Buffon a fazer grande defesa. Foram os
únicos lances de real perigo para a Itália em 120 minutos.
"Esses rapazes são especiais.
Eles estão fazendo uma nação
sonhar", afirmou o treinador.
Com o resultado, a Itália chega a uma final de Copa 12 anos
depois de ter disputado uma
outra final (1994). O ciclo vem
se repetindo desde 1970.
Neste Mundial, Lippi vem
reiteradamente destacando o
papel do grupo. E a vitória mais
difícil e mais importante da Azzurra sob seu comando veio
exatamente quando ele, pela
primeira vez em 29 jogos à
frente da equipe, repetiu a escalação em dois jogos seguidos.
Se o time que entrou em
campo na partida foi o mesmo
que enfrentou a Ucrânia nas
quartas-de-final, o que terminou não foi. E foram exatamente as mudanças que deram a vitória e a vaga à Itália.
Pouco antes de terminar o
tempo regulamentar, Lippi pedia tranqüilidade. Com uma
mão, segurou a bola que saiu
perto do banco; com a outra,
pediu calma ao jogador que bateria o lateral: Grosso.
O pedido, porém, tinha prazo
certo para acabar. O treinador
voltou para a prorrogação com
mais um atacante no time.
Mudava, assim, o esquema
tático que lhe garantira a vitória por 3 a 0 sobre a Ucrânia nas
quartas-de-final. O 4-4-1-1 mudou para 4-4-2 quando o volante Camoranesi saiu, dando lugar ao atacante Iaquinta.
Treze minutos depois, nova
mudança do treinador: saiu o
volante Perrotta para entrar o
atacante Del Piero. Lippi, a 15
minutos do final da prorrogação, deixava a historicamente
defensiva Itália com três atacantes. A estratégia deu certo.
"Controlamos a partida, jogamos melhor e merecemos a
vitória", comemorou o técnico
italiano. É sua primeira Copa.
"Nós sofremos, mas o sofrimento nos fez curtir mais essa
vitória. A satisfação é enorme.
Se havia um time que tinha de
vencer, esse time era o nosso",
completou o treinador.
Del Piero, autor do segundo
gol da Azzurra, não encontrava
"palavras para descrever" o que
sentia. "Fui alvo de críticas recentemente, mas hoje demonstrei que meu desejo é tão grande quanto o dos outros."
Aos 31 anos e atuando pela
forte Juventus de Turim, vem
sendo deixado na reserva de
Luca Toni, artilheiro do último
"calcio", mas que nunca jogou
por grandes equipes.
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