São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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Itália vê clímax da crise interna em dia de festa

Juventus, Milan, Fiorentina e Lazio têm rebaixamentos pedidos por promotoria que investiga manipulação de jogos no campeonato local

Horas antes de o país celebrar a final, clubes de 13 atletas têm queda solicitada


LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

No mesmo dia em que comemoraram a classificação para uma final de Copa após 12 anos, com dois gols nos minutos finais da prorrogação contra a Alemanha, os italianos receberam a notícia de que as equipes de 13 jogadores do elenco -7 deles titulares- podem cair.
Juventus, Milan, Fiorentina e Lazio -que, juntos, tiveram 28 jogadores em ação na Copa- tiveram o pedido de descenso formulado ontem pelo procurador que atua no processo da Justiça Desportiva que analisa o escândalo de manipulação de resultados do "calcio".
Enquanto a Juventus está sujeita à queda para a terceira divisão ou mesmo para divisões inferiores, a pena pedida para os três últimos é a queda para a segunda divisão, agravada pela perda de pontos.
Na Alemanha, os jogadores evitaram comentar o assunto após a classificação de ontem, mas ele surgiu de forma lateral.
"Dedico a vitória a Gianluca Pessotto", afirmou o meia Del Piero, autor do segundo gol, sobre um dos envolvidos no escândalo italiano, que está internado após ter sofrido queda do prédio da Juventus.
Destacando a importância de manter-se focado na disputa da Copa, o atacante Luca Toni foi mais direto sobre a repercussão das notícias vindas da Itália.
"Antes da semifinal, sentimos uma grande pressão por causa do processo na Itália. Esperamos que nossos clubes saiam ilesos", disse o artilheiro do último Italiano pela Fiorentina, após a classificação para a final.
Mesmo que o desejo de Toni se realize, porém, o prejuízo dos envolvidos deve ser inevitável. Ontem, por exemplo, as ações da Juventus negociadas na Bolsa de Milão caíram mais de 8 pontos percentuais.
Mesmo fora da equipe italiana, o assunto repercutiu ontem. O técnico da França, Raymond Domenech, fez questão de dizer que seus três atletas que jogam na Juventus -Trezeguet, Vieira e Thuram- estão blindados em relação ao problema do clube. "Temos que viver com isso, que, acredito, não afetará os atletas. Eles só pensam no jogo com Portugal."
Se, para os franceses, chegar a uma final em meio a uma investigação será raro, o mesmo não ocorre com a Itália.
Em 1982, ano da conquista do tri mundial, parte do elenco havia sido acusado de manipulação de resultados e de apostas ilegais no futebol, entre eles, o atacante Paolo Rossi, grande herói da conquista.


Colaborou RICARDO PERRONE, enviado especial a Königstein

Com agências internacionais


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