São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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Portugueses e franceses agora desdenham Brasil

Em clima de cordialidade e troca de elogios, treinadores e jogadores adotam discurso de que "rival será o mais difícil'

Scolari elogia Zidane e diz que França é uma "equipe organizada", e adversários vêem defesa melhor no time luso do que no brasileiro


DOS ENVIADOS A MUNIQUE

O Brasil antes da Copa era vendido como o grande favorito e o ""time a ser batido", mas portugueses e franceses tentam mostrar agora, com várias declarações, que a equipe de Carlos Alberto Parreira não era a que mais assustava.
"Temos dois observadores de jogos dos adversários. Pelo relatório do Paulo Sousa, que observou a França, ela é a pior equipe que poderíamos enfrentar. É altamente organizada, com jogadores de muita qualidade, estatura elevada e movimentação muito interessante. Pelo que apresentou, o Paulo deixou-nos com receio, por isso será o jogo mais difícil, talvez mais ainda do que a final", disse Luiz Felipe Scolari, técnico brasileiro da seleção lusitana.
"Não vou analisar o jogo do Brasil com a França. Mas posso dizer que vamos ter muitos cuidados com a França. Portugal vai jogar da sua maneira, mas a França nos obriga a fazer algumas coisas. São jogadores espetaculares, daqueles que a gente tem prazer de ver jogar. O Zidane, em uma fração de segundo, decide o jogo", afirmou Scolari.
Se ele demonstra mais respeito pelo time francês do que pelo brasileiro, o técnico da França, Raymond Domenech, diz esperar um jogo mais difícil hoje do que foi contra o Brasil.
""O Brasil não foi um problema. Portugal tem jogadores talentosos e uma formação organizada. É uma equipe difícil", afirmou Domenech.
Os franceses deixam claro que o Brasil é mais vulnerável do que o time de Scolari. ""Portugal é melhor defensivamente que o Brasil", afirmou Ribéry. ""Não foi só no gol que fiquei livre para receber a bola na área brasileira", disse Henry. ""Não nos achamos favoritos contra Portugal só porque vencemos o Brasil", declarou Gallas.
Nos últimos dias, os portugueses rasgam elogios, em especial, a Zidane. ""É uma pena que ele vá parar de jogar após a Copa", disse o goleiro Ricardo.
Apesar da cordialidade e da troca de elogios por parte de jogadores e técnicos, na imprensa há um certo clima de provocação. O jornal "France Soir" usou adjetivos como "selvagem" e ""vilão" para definir o time e alguns jogadores de Portugal. Muito devido ao violento jogo contra a Holanda.
"Em mais de três anos, Portugal tomou só dois cartões vermelhos, os dois contra a Holanda. Peguem uma estatística e vejam se a França tomou menos nesse período. Às vezes, em um jogo, acontece uma coisa diferente", rebateu Scolari.
Um jornal português já batizou a equipe atual de ""conquistadores". O técnico gaúcho, porém, não entrou na onda otimista de jogadores e jornalistas. "Se formos à final e ganharmos, aí seremos conquistadores. Se perdermos da França, não vamos conquistar nada."
Ele disse ontem esperar a torcida dos brasileiros, mas não quis falar sobre seu futuro. "Não só por eu ser brasileiro, mas porque há laços entre Brasil e Portugal, sei que os brasileiros torcerão por nós. Sobre o futuro, tenho contrato até o fim de julho. Posso tirar uns meses de descanso. Vou para o Brasil, mas para passar férias", disse.
(PAULO COBOS E RODRIGO BUENO)


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