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Portugueses e franceses agora desdenham Brasil
Em clima de cordialidade e troca de elogios, treinadores e jogadores adotam discurso de que "rival será o mais difícil'
Scolari elogia Zidane e diz que França é uma "equipe organizada", e adversários vêem defesa melhor no time luso do que no brasileiro
DOS ENVIADOS A MUNIQUE
O Brasil antes da Copa era
vendido como o grande favorito e o ""time a ser batido", mas
portugueses e franceses tentam mostrar agora, com várias
declarações, que a equipe de
Carlos Alberto Parreira não era
a que mais assustava.
"Temos dois observadores de
jogos dos adversários. Pelo relatório do Paulo Sousa, que observou a França, ela é a pior
equipe que poderíamos enfrentar. É altamente organizada,
com jogadores de muita qualidade, estatura elevada e movimentação muito interessante.
Pelo que apresentou, o Paulo
deixou-nos com receio, por isso
será o jogo mais difícil, talvez
mais ainda do que a final", disse
Luiz Felipe Scolari, técnico
brasileiro da seleção lusitana.
"Não vou analisar o jogo do
Brasil com a França. Mas posso
dizer que vamos ter muitos cuidados com a França. Portugal
vai jogar da sua maneira, mas a
França nos obriga a fazer algumas coisas. São jogadores espetaculares, daqueles que a gente
tem prazer de ver jogar. O Zidane, em uma fração de segundo,
decide o jogo", afirmou Scolari.
Se ele demonstra mais respeito pelo time francês do que
pelo brasileiro, o técnico da
França, Raymond Domenech,
diz esperar um jogo mais difícil
hoje do que foi contra o Brasil.
""O Brasil não foi um problema. Portugal tem jogadores talentosos e uma formação organizada. É uma equipe difícil",
afirmou Domenech.
Os franceses deixam claro
que o Brasil é mais vulnerável
do que o time de Scolari. ""Portugal é melhor defensivamente
que o Brasil", afirmou Ribéry.
""Não foi só no gol que fiquei livre para receber a bola na área
brasileira", disse Henry. ""Não
nos achamos favoritos contra
Portugal só porque vencemos o
Brasil", declarou Gallas.
Nos últimos dias, os portugueses rasgam elogios, em especial, a Zidane. ""É uma pena
que ele vá parar de jogar após a
Copa", disse o goleiro Ricardo.
Apesar da cordialidade e da
troca de elogios por parte de jogadores e técnicos, na imprensa há um certo clima de provocação. O jornal "France Soir"
usou adjetivos como "selvagem" e ""vilão" para definir o time e alguns jogadores de Portugal. Muito devido ao violento
jogo contra a Holanda.
"Em mais de três anos, Portugal tomou só dois cartões
vermelhos, os dois contra a Holanda. Peguem uma estatística
e vejam se a França tomou menos nesse período. Às vezes, em
um jogo, acontece uma coisa diferente", rebateu Scolari.
Um jornal português já batizou a equipe atual de ""conquistadores". O técnico gaúcho, porém, não entrou na onda otimista de jogadores e jornalistas. "Se formos à final e ganharmos, aí seremos conquistadores. Se perdermos da França,
não vamos conquistar nada."
Ele disse ontem esperar a
torcida dos brasileiros, mas não
quis falar sobre seu futuro.
"Não só por eu ser brasileiro,
mas porque há laços entre Brasil e Portugal, sei que os brasileiros torcerão por nós. Sobre o
futuro, tenho contrato até o fim
de julho. Posso tirar uns meses
de descanso. Vou para o Brasil,
mas para passar férias", disse.
(PAULO COBOS E RODRIGO BUENO)
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