São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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[!]Foco

Seleção sub-17 cabula as aulas e bajula professores por uma medalha no Rio

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A RIO DAS OSTRAS

Presente importado para o professor, parentes em busca de cópias das matérias com os amigos de classe e algumas horas de estudo na concentração. Essa é a estratégia dos jogadores da seleção brasileira que vão disputar o Pan, neste mês, para compensar os quase dois meses longe da escola.
Formado por atletas com até 17 anos -que enfrentarão seleções de até 20 anos, tendo o direito ainda a três jogadores acima dessa idade-, o time nacional é uma seleção "secundarista". Ao contrário das gerações anteriores de boleiros, todos os 18 convocados cursam ou já concluíram o ensino médio. E todos já têm contratos como profissionais.
"A vida é difícil. Já fiz trabalho até na Granja Comary. A família e o clube estão sempre cobrando. Meu sonho é ser jogador, mas todos aqui estudam. Enquanto estou aqui, o pessoal lá de casa está correndo atrás da matérias que estou perdendo", diz o atacante Choco, 17, do Atlético-PR, que cursa o segundo ano do ensino médio em Curitiba.
O lateral-esquerdo Bruno Collaço, do Grêmio, conta com amigos para ajudá-lo na escola e sempre carrega na mala durante as viagens da seleção presentes para os professores.
"A escola é muito forte, mas sempre trago lembrancinhas para me aliviarem", declarou o gaúcho, 17, que está no terceiro ano e pretende fazer vestibular para educação física no final deste ano -faculdade desejada por quase todos os boleiros da seleção sub-17.
A escolaridade do grupo também surpreende, se comparada com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE de 2005. Os atletas estão mais escolarizados que a média dos brasileiros entre 15 e 17 anos.
De acordo com a Pnad, de toda a população nessa faixa etária, quase metade (47,8%) ainda não completou o ensino fundamental (antigo primeiro grau). Na seleção, 50,2% estudam no ensino médio e 2% já estão na faculdade ou já terminaram o período equivalente ao antigo segundo grau.
O goleiro Marcelo, 17, do Flamengo, e o meia Tales, 17, do Internacional, são considerados os mais "inteligentes".
Os dois concluíram em 2006 o ensino médio e aproveitaram este ano para "dar dedicação exclusiva ao futebol". "Nunca tive dificuldade para apreender", disse o jogador do Internacional, que pretende fazer faculdade de artes plásticas.
O meia Lulinha, 17, do Corinthians, disse que é um dos que "mais sofrem" com a dupla jornada. "Já levei bomba dois anos seguidos na oitava série. Mesmo assim, quero continuar estudando. Sei que é importante", disse o jogador, do primeiro ano do ensino médio. Do grupo, só três interromperam os estudos. Cursavam o segundo ano do ensino médio.
Formado em educação física com pós-graduação em performance humana, o técnico da seleção, Luiz Antônio Nizo, 44, diz que a escolaridade do grupo ajuda muito nos treinos. "Eles entendem tudo com muita rapidez", declarou.


Colaborou RODRIGO MATTOS , enviado especial ao Rio


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