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[!]Foco
Seleção sub-17 cabula as aulas e bajula professores por uma medalha no Rio
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A RIO DAS OSTRAS
Presente importado para o
professor, parentes em busca
de cópias das matérias com os
amigos de classe e algumas horas de estudo na concentração.
Essa é a estratégia dos jogadores da seleção brasileira que
vão disputar o Pan, neste mês,
para compensar os quase dois
meses longe da escola.
Formado por atletas com até
17 anos -que enfrentarão seleções de até 20 anos, tendo o
direito ainda a três jogadores
acima dessa idade-, o time nacional é uma seleção "secundarista". Ao contrário das gerações anteriores de boleiros,
todos os 18 convocados cursam ou já concluíram o ensino
médio. E todos já têm contratos como profissionais.
"A vida é difícil. Já fiz trabalho até na Granja Comary. A
família e o clube estão sempre
cobrando. Meu sonho é ser jogador, mas todos aqui estudam. Enquanto estou aqui, o
pessoal lá de casa está correndo atrás da matérias que estou
perdendo", diz o atacante Choco, 17, do Atlético-PR, que cursa o segundo ano do ensino
médio em Curitiba.
O lateral-esquerdo Bruno
Collaço, do Grêmio, conta com
amigos para ajudá-lo na escola
e sempre carrega na mala durante as viagens da seleção
presentes para os professores.
"A escola é muito forte, mas
sempre trago lembrancinhas
para me aliviarem", declarou o
gaúcho, 17, que está no terceiro
ano e pretende fazer vestibular
para educação física no final
deste ano -faculdade desejada
por quase todos os boleiros da
seleção sub-17.
A escolaridade do grupo
também surpreende, se comparada com dados da Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE de
2005. Os atletas estão mais escolarizados que a média dos
brasileiros entre 15 e 17 anos.
De acordo com a Pnad, de toda a população nessa faixa etária, quase metade (47,8%) ainda não completou o ensino
fundamental (antigo primeiro
grau). Na seleção, 50,2% estudam no ensino médio e 2% já
estão na faculdade ou já terminaram o período equivalente
ao antigo segundo grau.
O goleiro Marcelo, 17, do
Flamengo, e o meia Tales, 17,
do Internacional, são considerados os mais "inteligentes".
Os dois concluíram em 2006
o ensino médio e aproveitaram
este ano para "dar dedicação
exclusiva ao futebol". "Nunca
tive dificuldade para apreender", disse o jogador do Internacional, que pretende fazer
faculdade de artes plásticas.
O meia Lulinha, 17, do Corinthians, disse que é um dos
que "mais sofrem" com a dupla
jornada. "Já levei bomba dois
anos seguidos na oitava série.
Mesmo assim, quero continuar estudando. Sei que é importante", disse o jogador, do
primeiro ano do ensino médio.
Do grupo, só três interromperam os estudos. Cursavam o
segundo ano do ensino médio.
Formado em educação física
com pós-graduação em performance humana, o técnico da
seleção, Luiz Antônio Nizo, 44,
diz que a escolaridade do grupo ajuda muito nos treinos.
"Eles entendem tudo com
muita rapidez", declarou.
Colaborou RODRIGO MATTOS ,
enviado especial ao Rio
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