São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2010

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2,92 bi estádios + 3,33 bi transporte + 32,5 mi segurança + 1,84 bi outros = 8,4 bi reais

Organização do campeonato excede em 39,3% os gastos programados com estádios e em quase 50% as despesas com transporte, e África do Sul continuará a pagar a conta por receber o Mundial mesmo depois do encerramento

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO

A Copa do Mundo acabará no próximo domingo, porém a conta para a África do Sul continuará a ser paga ainda por algum tempo.
Dados oficiais do Ministério das Finanças sul-africano mostram que o Orçamento do ano fiscal 2010/11 reservou 7,11 bilhões de rands (R$ 1,7 bilhão) para o Mundial.
O ano fiscal começou em 1º de abril último e vai até 31 de março de 2011, daqui a longos nove meses. O valor do período representa 21,49% de todo o gasto da Copa.
Ou seja, um quinto da preparação começou a ser aplicado pouco antes do apito inicial e vai continuar depois do término da competição.
Os dados ajudam a entender por que a Fifa se mostrou tensa com a preparação do país até o último momento.
Alguns estádios, como o Soccer City, ficaram prontos depois do prazo previsto.
Corredores de ônibus foram entregues faltando semanas para o pontapé inicial. O trem de alta velocidade ligando o aeroporto de Johannesburgo à região dos hotéis foi concluído com apenas três dias de antecedência.
Também houve estouro no orçamento inicial. Em 2006, quando a preparação começou para valer, o governo jurava que a reforma ou construção dos dez estádios ficaria em 8,4 bilhões de rands (R$ 2,1 bilhões). Agora, sabe-se que ficou em 11,7 bilhões de rands (39,3% a mais).
Pior ocorreu com o gasto em transportes. Previa-se 9 bilhões de rands, mas a conta final ficou em 13,3 bilhões de rands, ou quase 50% a mais.
A fatura da segurança dobrou em relação à estimativa inicial, inchando à medida que cresciam os temores no mundo com a violência e o terrorismo. Os 31 mil policiais inicialmente alocados para o evento subiram para 44 mil.
A conta final da segurança totalizou 1,3 bilhão de rands.
É provável que esse número aumente, uma vez que a polícia precisou tomar conta de diversos estádios durante a Copa, depois da greve de seguranças privados.

CENÁRIO PARA 2014
Ao tomar como base o que ocorreu na África do Sul, a gastança com a Copa do Brasil-2014 deve começar no próximo ano. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, considera o atual Mundial um exemplo a ser seguido.
Os dados do governo sul- -africano mostram que a despesa pública começa de verdade quando a Copa anterior termina. Até 2006, ano da Copa da Alemanha, somente 5,48% do orçamento total haviam sido aplicados. Em 2007, houve um salto, com o uso de 20,31% do montante.
No total, a Copa sul-africana, a primeira na África, custou 33,65 bilhões de rands (R$ 8,4 bilhões) aos cofres federais. Houve ainda um investimento de 3 a 5 bilhões de rands de governos estaduais e prefeituras, que não entram na conta final do país.



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