São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2010 |
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JUAN PABLO VARSKY A lição alemã
A ALEMANHA nos deu uma aula de futebol. Demonstrou que funcionamento não significa só se defender com ordem e que, para um time ser ofensivo, não é preciso acumular jogadores no ataque. A Argentina tombou diante de um projeto bem executado, que levou anos para ser construído. Primeiro, Klinsmann e, agora, Löw desmontaram o padrão do lançamento direto, sem elaboração e sem talento, que tinha dado tão certo para o futebol alemão. Nem a frustração da Copa-2006 -derrota em casa contra a Itália na semifinal- cessou esse processo revolucionário. Até o aprofundou, com a inclusão de jovens como Özil, Müller e Khedira. A Argentina sentiu-se tão inferior que quis levar o rival para o impalpável: esforço e garra, com Tevez e Mascherano como porta-bandeiras. Conseguiu por alguns momentos, no início do segundo tempo. Pressionou, ganhou divididas e provocou algumas defesas de Neuer, nenhuma delas impressionante. Mas não basta alma para ganhar batalhas. Quando um nocauteador não interpõe sua mão salvadora, e o rival sabe boxear, já sabemos quem sairá vencedor. Houve alguma esperança nesses minutos de disputa de rua, movida a puro coração. Mas, futebolisticamente, a Argentina foi sempre superada. O jogo terminou quando ainda estava 2 a 0. A partida pedia que Diego fizesse mudanças desde os 20min do primeiro tempo. Ele só as fez aos 25min do segundo tempo. A Argentina não cumpriu com sua meta na Copa do Mundo: progredir. Fez sua melhor atuação contra a Coreia do Sul, na segunda rodada. Abandonou tudo e aceitou a derrota sem escândalos. Mas não podemos falar de uma boa Copa para um time que tinha se proposto a chegar à última semana. Messi deixa a África sem gols e como uma grande decepção. Sua atuação dói para aqueles que o consideraram o mais importante da equipe. A Argentina precisa de uma revolução. Um projeto com homens novos, que potencializem o talento individual com organização. Não é preciso que o sistema seja mais importante do que os atletas. Nem é suficiente deixar tudo por conta da inspiração. Com a humildade que o momento exige, espero que aprendamos a lição dada pela Alemanha. @VarskyMundial JUAN PABLO VARSKY é colunista de futebol do jornal argentino "La Nación" e do site Canchallena.com Tradução de CLARA ALLAIN Texto Anterior: Incompleto, orçamento da Copa no Brasil já é mais que o dobro Próximo Texto: Alemães se esbaldam por um dia Índice |
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