|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Holanda e Uruguai têm ligas frágeis
Rivais da 1ª semifinal do Mundial não mantêm seus craques no país
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS À CIDADE DO CABO
O confronto entre Uruguai
e Holanda, amanhã, por uma
vaga na final do Mundial, expõe a fragilidade das ligas
domésticas e dos grandes
clubes desses países.
Nacional, Peñarol, Ajax,
PSV e Feyenoord, que ao longo do século 20 se acostumaram a acumular títulos e
mandar em seus respectivos
continentes, hoje não passam de fornecedores de atletas para as ligas mais ricas.
Dos 23 convocados por Oscar Tabárez para a Copa, só
há um atleta dos grandes times do Uruguai: o volante
Egidio Arévalo Ríos, do Peñarol. O terceiro goleiro, Martín
Silva, joga no Defensor. Os
demais atuam fora do país.
No Uruguai, o exílio da bola começa cedo. Diego Forlán, 31, astro da seleção, deixou o país com 19 anos para
defender o Independiente,
da Argentina. Depois, passou por Manchester United,
Villarreal e hoje é ídolo no
Atlético de Madri, pelo qual
ganhou a Liga Europa.
O também atacante Luis
Suárez, 23, novo herói nacional depois da atuação contra
Gana, mal teve tempo de jogar no Uruguai. Aos 19 anos,
já estava no Groningen, da
Holanda, de onde se transferiu depois para o Ajax.
O goleiro Muslera, 24, que
pegou dois pênaltis nas quartas de final, já tem três temporadas pela italiana Lazio.
Surgir num clube pequeno, chamar a atenção de um
grande, depois conseguir um
lugar na seleção e só aí ser
vendido para a Europa.
Esse ciclo, comum até os
anos 90, não existe mais.
O atacante Cavani, 23, trocou o Danubio pelo Palermo
aos 19. O zagueiro Cáceres,
23, foi vendido pelo Defensor
ao Recreativo Huelva, da Espanha, já passou pelo poderoso Barcelona e hoje defende a Juventus de Turim.
Na Holanda, o processo
demorou um pouco mais,
mas também aconteceu.
O último grande clube uruguaio a ganhar um título relevante foi o Nacional, em
1988. O último holandês foi o
Ajax, sete anos depois.
Arjen Robben, 26, a joia da
seleção holandesa, deixou
seu país aos 20 anos, rumo a
Londres, para defender o
Chelsea. Passou pelo Real
Madrid, está no Bayern de
Munique e dificilmente voltará a jogar em seu país -nenhuma equipe da Holanda
tem dinheiro para bancá-lo.
FORA DO TOP 20
Segundo levantamento da
revista "Forbes" publicado
em abril desde ano, não há
nenhum clube holandês entre os 20 mais valiosos da Europa. A lista tem oito ingleses
(o primeiro é o Manchester
United), quatro alemães,
quatro italianos, dois espanhóis e até dois franceses.
"Por isso a Copa dos Campeões está ficando previsível
e chata", afirma o presidente
da Federação Holandesa
de Futebol, Michael van
Praag. "Nossos clubes viraram meros fornecedores."
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: 20% da população uruguaia vive fora do país, como 21 da Celeste Índice
|