São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2010

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Holanda e Uruguai têm ligas frágeis

Rivais da 1ª semifinal do Mundial não mantêm seus craques no país

MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS À CIDADE DO CABO

O confronto entre Uruguai e Holanda, amanhã, por uma vaga na final do Mundial, expõe a fragilidade das ligas domésticas e dos grandes clubes desses países.
Nacional, Peñarol, Ajax, PSV e Feyenoord, que ao longo do século 20 se acostumaram a acumular títulos e mandar em seus respectivos continentes, hoje não passam de fornecedores de atletas para as ligas mais ricas.
Dos 23 convocados por Oscar Tabárez para a Copa, só há um atleta dos grandes times do Uruguai: o volante Egidio Arévalo Ríos, do Peñarol. O terceiro goleiro, Martín Silva, joga no Defensor. Os demais atuam fora do país.
No Uruguai, o exílio da bola começa cedo. Diego Forlán, 31, astro da seleção, deixou o país com 19 anos para defender o Independiente, da Argentina. Depois, passou por Manchester United, Villarreal e hoje é ídolo no Atlético de Madri, pelo qual ganhou a Liga Europa.
O também atacante Luis Suárez, 23, novo herói nacional depois da atuação contra Gana, mal teve tempo de jogar no Uruguai. Aos 19 anos, já estava no Groningen, da Holanda, de onde se transferiu depois para o Ajax.
O goleiro Muslera, 24, que pegou dois pênaltis nas quartas de final, já tem três temporadas pela italiana Lazio.
Surgir num clube pequeno, chamar a atenção de um grande, depois conseguir um lugar na seleção e só aí ser vendido para a Europa.
Esse ciclo, comum até os anos 90, não existe mais.
O atacante Cavani, 23, trocou o Danubio pelo Palermo aos 19. O zagueiro Cáceres, 23, foi vendido pelo Defensor ao Recreativo Huelva, da Espanha, já passou pelo poderoso Barcelona e hoje defende a Juventus de Turim.
Na Holanda, o processo demorou um pouco mais, mas também aconteceu.
O último grande clube uruguaio a ganhar um título relevante foi o Nacional, em 1988. O último holandês foi o Ajax, sete anos depois.
Arjen Robben, 26, a joia da seleção holandesa, deixou seu país aos 20 anos, rumo a Londres, para defender o Chelsea. Passou pelo Real Madrid, está no Bayern de Munique e dificilmente voltará a jogar em seu país -nenhuma equipe da Holanda tem dinheiro para bancá-lo.

FORA DO TOP 20
Segundo levantamento da revista "Forbes" publicado em abril desde ano, não há nenhum clube holandês entre os 20 mais valiosos da Europa. A lista tem oito ingleses (o primeiro é o Manchester United), quatro alemães, quatro italianos, dois espanhóis e até dois franceses.
"Por isso a Copa dos Campeões está ficando previsível e chata", afirma o presidente da Federação Holandesa de Futebol, Michael van Praag. "Nossos clubes viraram meros fornecedores."


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