São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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ATENAS 2004

Tanque em superfície de cascalho serve para afiar vôlei de praia

Brasileiros despejam areia em praia grega para treinar

DO ENVIADO A ATENAS

A cena é inusitada e surpreende os desavisados. Um grande tanque com areia branca e jogadores de vôlei em treinamento mudaram radicalmente a paisagem da praia de Glifadas, em Atenas.
A estrutura é uma invenção dos brasileiros para driblar a organização da Olimpíada e assegurar para as duplas da modalidade condições de chegar ao pódio.
O local já dá abrigo a Márcio Araújo e Benjamin, que passam ao menos duas horas por dia sob olhares atentos dos turistas. As surpresas começam com o piso.
Naquela parte do litoral, a superfície é coberta por um cascalho grosso e seco. "Tivemos que importar tudo da Holanda", explica Marcelo Wrangler, chefe da equipe brasileira na Grécia, apontando para os 400 metros cúbicos de areia fina despejados no local.
Só essa operação custou 3.000 para a Confederação Brasileira de Vôlei. E não parou por aí. Os atletas também estão mantidos fora da Vila Olímpica, em um hotel localizado em frente à arena recém-construída. Eles fazem a preparação física na academia mais próxima do local de treino e ainda recebem alimentação preparada por uma cozinheira do Brasil.
Valor total estimado para o projeto: 30 mil. "Quanto vale uma medalha olímpica? São anos de preparação. Nessa reta final, quisemos dar o que existe de melhor aos jogadores", diz Wrangler.
As três outras duplas brasileiras devem começar a usar o centro só na semana que vem, quando irão desembarcar na Grécia.
O cronograma abarrotado das práticas no Faliro, complexo esportivo que vai receber o vôlei de praia, levou os dirigentes a correrem em busca da quadra própria.
No sistema oficial, cada parceria pode permanecer uma hora treinando. E só um técnico deve dar as orientações aos atletas.
"Primeiro, o tempo é muito pequeno. Depois, precisamos de mais gente para nos ajudar, como o nosso preparador físico. Esse esquema seria péssimo. Ainda bem que temos nosso próprio espaço", afirma Benjamin.
O jogador disse estar recuperado da contusão no abdome que o fez abandonar a etapa da Áustria do Circuito Mundial. Mesmo assim, sua cabeça não está livre de preocupações. É que na segunda ele e seu parceiro precisarão se integrar ao resto dos brasileiros na Vila, localizada a cerca de 45 minutos da arena em Glifadas.
"Fomos avisados há muito tempo de que precisamos ir para lá e vamos respeitar. Mas é claro que, se pudéssemos ficar aqui, ficaríamos. É tudo prático e calmo."
Márcio encampa o discurso. "Temos um mar lindo e o público bem perto da gente aqui. É como jogar no Brasil. Me sinto em casa." (GUILHERME ROSEGUINI)


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