São Paulo, quarta-feira, 05 de agosto de 2009

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Copa-14 já apela a verba pública

Presidente do comitê organizador e da CBF abandona discurso de arenas só com dinheiro privado

Teixeira diz, em entrevista, que sempre defendeu as PPPs e que "operação vai ter que envolver o governo" nos estádios estatais, a maioria

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A promessa era que o grosso do financiamento dos estádios para a Copa de 2014 seria feito com dinheiro privado. Mas Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do comitê organizador do segundo Mundial no Brasil, declara agora que o governo terá que abrir o cofre na construção ou reforma de 9 dos 12 estádios que irão abrigar a competição daqui a cinco anos.
Em entrevista à Folha e a mais dois jornais ("O Estado de S. Paulo" e "O Globo") na sede da CBF, no Rio, o dirigente disse que é inevitável a injeção de dinheiro público nas arenas.
"Por menos que você não queira, esses estádios bases (os escolhidos para o Mundial) já são do governo [as exceções serão São Paulo, Curitiba e Porto Alegre]. De qualquer maneira, a operação vai ter que envolver o governo. Em Minas, o estádio é do governo. No Rio, também. E, mais grave, como é que você vai fazer uma operação totalmente privada no Maracanã se ele é um prédio tombado?", disse Teixeira, que não admitiu ter mudado de opinião.
Segundo o dirigente, a única maneira de fazer estádios totalmente com dinheiro privado seria se todos eles fossem 100% novos. Mas até nas duas arenas previstas para 2014 que serão totalmente novas o dinheiro público vai ter que entrar.
Em Natal, segundo a própria CBF, o edital para a construção do estádio prevê que 49% dos gastos saiam dos cofres públicos. Conta parecida deve acontecer em Recife, a outra cidade que optou por uma arena completamente nova para 2014.
O discurso atual de Teixeira ("Eu sempre falei em PPPs [parcerias público-privadas]") é bem diferente do que ele praticava há até pouco tempo.
"A Copa do Mundo será melhor quanto menos dinheiro público for investido. Essa equação é que norteia o projeto desde o início. Ao governo, em todos os seus níveis, caberá os gastos com obras que lhe dizem respeito. O investimento maior terá de vir da iniciativa privada", disse Teixeira, em comunicado de imprensa, no final de maio, antes da escolha das cidades-sedes, nas Bahamas.
No ano passado, em artigo publicado na Folha, o cartola escreveu "o modelo para a Copa do Mundo no Brasil terá viés predominantemente privado".
Antes, em 2007, relatório de comissão da Fifa, baseado em informações passadas por dirigentes e políticos nacionais, dizia que "o modelo de construção e reforma dos estádios daria prioridade ao financiamento privado por meio de concessões de largo prazo e, só eventualmente, usaria as PPPs".
Também em 2007, em seu site, a CBF afirmava que "os recursos que o governo investirá no país, estimulados pela Copa, serão totalmente voltados para a infraestrutura -e os brasileiros continuarão a usufruir desses benefícios após a Copa".
Pelas últimas projeções das 12 cidades-sedes, o custo dos estádios irá ultrapassar os R$ 3 bilhões. O governo federal diz por enquanto que não vai bancar essa conta. Assim, a fatura pode acabar com os Estados.
O comitê organizador espera fechar nas próximas semanas o detalhamento de como será o financiamento de cada estádio -as arenas privadas terão mais tempo para definir isso.
"Temos uma planilha com todas as datas detalhadas até o último dia da Copa do Mundo", afirmou o presidente da CBF.


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