São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2010

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Arma do Vitória, Barradão é ameaçado pela Copa-14

Contrato para a reforma da Fonte Nova prevê partidas do clube no local

NELSON BARROS NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Finalista da Copa do Brasil, o Vitória viu sua ascensão recente se confundir com o Barradão, palco da decisão de ontem com o Santos. Antes de mandar suas partidas no estádio, a partir de 1995, o clube acumulava 14 títulos em 96 anos de vida.
Depois do Barradão, que foi inaugurado exatamente em um amistoso contra o Santos, foram 17 conquistas em 15 temporadas.
O local foi apontado por jogadores, comissão técnica e torcida como arma rubro-negra na campanha da Copa do Brasil -o Vitória esteve invicto na competição deste ano ali. Mas, apesar de tudo, o estádio tem futuro incerto após o Mundial de 2014.
Cláusula na minuta de reconstrução da Fonte Nova, indicada pelo Estado para receber a Copa, obrigava tanto o Bahia quanto o Vitória a realizar um mínimo de 28 jogos por temporada na arena.
Críticas sobre o assunto fizeram o edital da licitação recuar. Mas o objetivo do governo não. O contrato hoje fala "em um clube da capital" e reduziu de 56 para 33 jogos.
Mas, o ponto 12.3 do contrato diz que o poder público, "ciente de que a maximização da realização de eventos, notadamente jogos de futebol, é fundamental para viabilidade econômica da arena, compromete-se a envidar seus melhores esforços para que compromissos da dupla Ba-Vi sejam na Fonte Nova".
Não bastasse, proíbe a disputa de partidas no novo estádio de Pituaçu -equipamento que custou R$ 55 milhões ao longo de 2009-, salvo "motivo de força maior".
O secretário de Esporte, Nilton Vasconcelos, diz que, após a Copa, o local terá atividades amadoras e escolares.
Como não pode obrigar o Vitória a deixar o Barradão, optou-se por cenário mais conservador no documento.
"Isso não quer dizer que desistimos. Demonstraremos a vantagem financeira de se jogar na Fonte, e não vai ter como alguém não aceitar", disse o chefe de gabinete do governador Jaques Wagner (PT), Fernando Schmidt, no lançamento do edital.
Quem está por trás do negócio é o grupo da Amsterdam ArenA, estádio do Ajax e um dos braços do consórcio entre as empreiteiras baianas OAS e Odebrecht. O Bahia já fechou com eles. A direção do Vitória, embora tenha visitado os investidores, em junho, na Holanda, ainda não. "Até o momento, continuaremos na nossa casa. O Vitória cresceu muito depois que começou a jogar no Barradão. Tem que ser uma vantagem muito grande, para que compense tudo isso", afirmou o presidente do clube, Alexi Portela Júnior.
Ainda não se falou em uma alternativa para o Barradão, que é apontado pelo governo como um dos centros de treinamento em 2014 para as seleções do Mundial.


Colaborou MATHEUS MAGENTA, de Salvador


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