São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2010

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Governo faz lobby por Morumbi

Ministros abandonam neutralidade e aderem à defesa da arena do São Paulo para o Mundial

FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

Pela primeira vez, o governo federal saiu em defesa do Morumbi como palco paulista da Copa-2014. Após encontro com senadores, os ministros do Esporte, Turismo e Cidades abandonaram ontem a neutralidade e aderiram ao lobby pelo estádio do São Paulo, vetado pela Fifa.
"A pior decisão é ficar sem nenhuma decisão. Somos a favor do compromisso assinado em janeiro com o governo de São Paulo", declarou o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., em uma referência ao projeto do Morumbi.
Ele criticou ainda o que chamou de "indefinição" do governador Alberto Goldman (PSDB), que assumiu o cargo em abril, após a saída de José Serra (PSDB) para disputar a eleição presidencial. "Fiquei impressionado quando uma autoridade estadual de São Paulo disse que a decisão pode ficar para 2011. É preciso responsabilidade", afirmou Silva Jr.
A pressão em defesa do estádio também foi feita pelo ministro das Cidades, Márcio Fortes. Segundo ele, a escolha de outra arena pode arrastar as obras de infraestrutura para o ano que vem.
O lobby pró-Morumbi foi orquestrado com o apoio dos três senadores de São Paulo -Eduardo Suplicy (PT), Romeu Tuma (PTB) e Aloizio Mercadante (PT)-, todos da base de apoio ao governo Lula. Eles vão procurar o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para marcar uma reunião na qual apoiarão o Morumbi.
"Há um consenso entre os senadores e ministros para viabilizar isso. Vamos nos reunir com Ricardo Teixeira e Juvenal Juvêncio [presidente do São Paulo] para resolver a questão", declarou Suplicy.
No encontro, sobraram críticas ao governo de São Paulo, comandado pelo PSDB, e à prefeitura, sob controle de Gilberto Kassab (DEM).
"Foi assinado um compromisso por Serra, Gilberto Kassab e os ministros. O governo fez a parte dele, e esperamos o mesmo dos outros", afirmou Suplicy.
Candidato ao governo de São Paulo, Mercadante defendeu uma solução "apartidária". "Já perdemos cinco meses e corremos o risco de ficar fora da Copa" disse ele. "Até o Distrito Federal, que teve um governador preso, está no calendário."
Para os três senadores, o Morumbi deve ser o estádio paulista da segunda Copa do Mundo no Brasil porque não há tempo para viabilizar um outro projeto. "Foram necessários sete meses para discutir esse projeto. Como podem agora discutir outra solução?", indagou Mercadante.
"São Paulo não pode ser alijada por falta de vontade política", completou Tuma.
Alvo das críticas dos ministros e senadores, o governo do Estado tem se mostrado favorável à "solução Morumbi" para o impasse, já que investe em projetos de mobilidade urbana para o bairro de olho na Copa.


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