São Paulo, terça-feira, 05 de setembro de 2006

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SONINHA

Mora na geografia


O Sul e o Sudeste do Brasil vão bem no mundo da bola -e os porto-alegrenses, entre eles Dunga, muito bem!


AVALIAR OS clubes brasileiros em razão da localização geográfica é muito complicado (futebol paulista x futebol carioca e etc.). São Paulo e Corinthians, por exemplo, moram na mesma cidade, mas são muito diferentes. A começar pela gestão -mesmo com os problemas que enfrenta em razão dos embates nem sempre cavalheirescos entre situação e oposição, o São Paulo tem um processo eleitoral consolidado e costuma trocar de presidente... O mesmo vale na comparação entre os clubes do Rio, de Minas Gerais...
Mas é evidente, também, que fazer parte da mesma vizinhança implica em condições semelhantes. O formato (e o nível) do Estadual que disputam, os estádios em que jogam, a federação a que estão filiados, o tipo de envolvimento da torcida... E a própria rivalidade local tem um peso sobre todos. Não foi à toa que Vitória e Bahia caíram; que os times de PE costumam ir muito bem na Série B, mas penam na A.
Toda regra tem exceção: Cruzeiro e Atlético vivem em mundos distintos, Coritiba e Paraná, idem. Grêmio e Inter também estavam, até outro dia. Hoje, estão próximos, e como -um é o terceiro, o outro é o quarto colocado no Brasileiro (com um jogo a menos). O Inter tem se mantido entre os melhores há algum tempo; o Grêmio 2005-2006 apresentou o verdadeiro espetáculo do crescimento...
No comando do tricolor, Luiz Antonio Venker Menezes -mais conhecido como Mano (conhecido, mas não muito...). Formado em educação física, trabalhou com categorias de base -tem título sub-17 com o Inter- e em times menores, como o Guarani de Venâncio Aires e o 15 de Novembro de Campo Bom, com o qual fez um belo estrago na Copa do Brasil de 2004. Sob seu comando, o Grêmio já ganhou dois títulos (Série B e Gauchão). Não é gênio nem herói, mas tem funcionado... (No final de 2005, houve quem dissesse: "Sua demissão garantiria o título da Série B ao Grêmio, independente de quem assuma o cargo". Futebol é fogo).
Com o segundo melhor ataque, o Grêmio só não é o segundo colocado porque, vejam só, a defesa do Santos é melhor... (A gente sempre pensa que o forte do Grêmio é a defesa.) Contra o Paraná, não teve quatro titulares, mas Tcheco foi destaque -ele participou dos últimos seis gols (quatro assistências e duas finalizações) do Grêmio.
O fato é que os gaúchos vão muito bem (o Juventude, por enquanto, está na Sul-Americana). Como se não bastasse, Dunga foi melhor que a encomenda contra a Argentina. Não foi uma apresentação impecável, mas quem pode torcer o nariz para um 3 x 0 como aquele?
Uma última visão geográfica da tabela revela que, dos 12 primeiros no Brasileiro, 6 são do Sul e 6 são do Sudeste do país. De novo: é claro que o Figueirense não tem nada a ver com o Botafogo etc. Mas a predominância dessas regiões não é surpresa para quem examina outros aspectos (sócio-econômicos, basicamente). O que, em vez de motivo de orgulho, deve ser de preocupação -nessa toada, o torneio será cada vez menos nacional e mais local. Mesmo que saia mais caro (com deslocamentos maiores), é melhor para todos que o torneio seja realmente Brasileiro.

Momento anos 60
Santos e Botafogo, hoje em situações bem diferentes, já foram a base da seleção. No fim de semana, fizeram, juntos, dez gols! A invencibilidade do Palmeiras cairia a qualquer momento, não necessariamente com tamanho estrondo. O time continua carente no ataque; cometeu erros crassos na defesa. O Santos teve alguma sorte e muita categoria (o segundo gol do Luiz Alberto foi a combinação dos dois).

soninha.folha@uol.com.br


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