ROBERTO DIAS
enviado especial a Nova York

Gustavo Kuerten tenta hoje atingir a melhor campanha de sua carreira no Aberto dos EUA, o mais rico dos torneios do tênis mundial, com US$ 14,5 milhões em prêmios.
Sexto colocado no ranking da Associação dos Tenistas Profissionais, o brasileiro enfrenta o croata Goran Ivanisevic, 39º, por uma vaga nas oitavas-de-final.
Kuerten jamais atingiu essa fase. Em 97, perdeu na terceira partida. Em 98, caiu já na segunda.
Neste ano, no entanto, o brasileiro tenta virar o jogo.
Para tanto, preparou-se como nunca para o torneio -tirando inclusive a semana anterior apenas para treinar-, com a esperança de conseguir um melhor desempenho nas quadras rápidas de Flushing Meadows, às quais ainda não está tão acostumado.
Até aqui, diz estar satisfeito com o resultado de tal dedicação.
"Estou me sentido bem, feliz pra caramba. Está muito bom até agora. Não tinha tido um ano (no Aberto dos EUA) que eu tinha curtido tanto como esse ", disse ele, depois de derrotar anteontem o holandês Paul Haarhuis, 122º do mundo. Sem jogar tão bem quanto na estréia (frente ao tcheco Bohdan Ulihrach), Kuerten marcou 3 sets a 1, com parciais de 6/3, 7/6, 3/6 e 6/2.
Nesse jogo, superou inclusive o fato de jogar à noite, uma das características da programação do Aberto dos EUA, mas que para Kuerten se torna um obstáculo, por causa de sua miopia.
"Para mim, é difícil jogar à noite. Às vezes eu não posso ir numa bola do jeito que gostaria de ir."
Hoje, no jogo que será o terceiro da série, que começa às 12h (horário de Brasília), Kuerten volta à quadra para enfrentar pela segunda vez na carreira o croata Ivanisevic -já o derrotou uma vez, no ano passado, no saibro.
O adversário tem como maior arma um potente saque -no ano passado, pela quinta vez na carreira, foi o tenista que mais aplicou aces na temporada, um total de 1.065.
"Talvez eu bote um escudo na frente, para me defender das bombas", brincou Kuerten, quando questionado sobre o que pretende fazer para deter o serviço do rival de hoje.
Ivanisevic, no entanto, vive um momento apagado na carreira.
Depois de chegar ao segundo lugar no ranking e de acumular três derrotas na final de Wimbledon, ele vem colhendo seguidos fracassos nesta temporada -o melhor resultado que conseguiu até aqui foi atingir as oitavas-de-final justamente de Wimbledon.
Anteontem à noite, sofreu para bater o italiano Cristiano Caratti, 251º do ranking, em cinco sets.
Mas nem por isso perdeu a confiança. "Provei que posso jogar um bom tênis. Contra Kuerten, não terei nada a perder, ele está mais bem ranqueado no momento. Tenho uma boa chance", disse.
Se vencer hoje, Kuerten acumulará 124 pontos para a classificação da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
Teria então praticamente assegurada uma vaga na Copa do Mundo (antigo Masters), que acontece em novembro em Hannover, na Alemanha. Tornar-se-ia o primeiro brasileiro a participar da competição.
Além disso, uma boa campanha nos EUA pode impulsionar Kuerten no ranking -se a lista saísse hoje, ele seria o quarto colocado. "Eu quero ser o quarto, quarto é melhor do que quinto (sua melhor posição até hoje). É uma coisa nova", disse Kuerten.