RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

No São Paulo dos astros Ricardinho, Kaká e Rogério, a principal esperança do técnico Oswaldo de Oliveira para salvar o seu emprego está nos pés de Maldonado.
A volta do volante, recuperado de contusão, é o maior trunfo do treinador para vencer o Flamengo, hoje, às 16h, no Maracanã, e quebrar a série de cinco jogos sem vitória no Brasileiro. A diretoria admite que uma derrota pode provocar a demissão de Oliveira.
A ausência de Maldonado em quatro jogos por causa de uma contusão é, na opinião da maioria dos são-paulinos, um dos motivos mais relevantes para a queda de rendimento da equipe.
Coincidência ou não, o chileno só estava em campo na primeira das cinco partidas do atual jejum. "O Maldonado é o ponto de equilíbrio da equipe", disse Oliveira.
Os atletas acreditam que o retorno do volante, recuperado da contusão no tornozelo esquerdo, dará mais proteção aos zagueiros e irá melhorar a marcação.
No São Paulo, Maldonado só faz menos desarmes do que Jean. São 14,7 bolas roubadas por jogo pelo volante, em média, contra 16,3 do zagueiro, segundo o Datafolha.
Mas não é só defensivamente que ele se destaca. O chileno é o terceiro do time que mais acerta passes, com uma média de 33,7.
Elogiado pelos colegas, Maldonado não assume o papel de salvador. "É bom saber que sou importante para o time, mas o São Paulo pode perder mesmo quando eu jogo", disse o volante, outrora desprezado e na reserva.
Como seus companheiros, o chileno se preocupa com a pressão sobre Oliveira. "Não podemos chegar mais fundo do que já chegamos. Precisamos vencer para dar tranquilidade à torcida e à diretoria", declarou o jogador.
Os colegas de Maldonado também não escondem a tensão vivida pelo clube, principalmente pela situação do treinador.
"O Oswaldo não precisava passar por isso, ele não merece essas críticas. Nós vamos vencer para ajudá-lo", disse Luis Fabiano.
Chamado de burro pelos torcedores no 1 a 1 com o Palmeiras, Oliveira já não consegue esconder que se incomoda com as cobranças, também feitas por dirigentes.
"Preciso ficar alheio às críticas, pois, às vezes, elas são infundadas. Se pensar nisso ou no que pode acontecer depois do próximo jogo, não vou conseguir fazer o meu trabalho", disse o treinador.
Ontem, ele chegou a se irritar ao comentar o fato de poder ser demitido, caso a equipe perca para o Flamengo. "Se me perguntarem uma vez sobre isso, não me incomodo. Duas vezes, já me sinto incomodado. Na terceira vez, fica insuportável", desabafou.
O diretor de futebol do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, disse esperar por vitórias nos próximos jogos para não ser forçado a trocar a comissão técnica.