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São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003

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DOPING

Ministério do Esporte segue diretriz da Wada, cria fórum centralizado, mas 1ª reunião ainda não foi agendada

Após 1 ano, agência nacional antidoping não saiu no papel

ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Criada há um ano, ainda no governo FHC, a Comissão Nacional Antidoping ainda não saiu do papel. Com a função de ser, na prática, uma agência nacional de combate ao doping, o grupo ainda não agendou sua primeira reunião.
O ""período de transição" entre os governos FHC e Lula é apontado como o responsável pelo atraso no início de suas atividades.
E trabalho é o que não vai faltar para a comissão. Segundo portaria do Ministério do Esporte, publicada só em 29 de julho, a CNA tem, entre outras atribuições, o papel de "promover a luta contra o doping", "fazer cumprir o Código Mundial Antidoping" e "estabelecer regras, procedimentos disciplinares, sanções e outros meios de combate ao doping".
"Isso permite interpretar que o governo está criando um tribunal para julgar casos positivos", diz Thomaz Mattos de Paiva, especialista em legislação antidoping.
A formação da entidade seguiria as normas do código da Wada, a Agência Mundial Antidoping, aprovado em março, em Copenhague. Alguns países, como EUA e Inglaterra, já contam com uma agência para julgar casos.
Até os Jogos de Inverno de Turim-06, os signatários da Declaração de Copenhague terão que aplicar o código mundial. Mas ter uma entidade para cuidar do assunto não faz parte dos encargos.
"A Wada encoraja os países a formarem uma agência, mas não os obriga, nem determina um prazo para ela ser constituída", explica Frédéric Donzé, gerente de comunicações da Wada.
No que depender do COB, o abacaxi terá que ser descascado mesmo pelo governo federal.
"Para mim, é o ministério que deve cuidar disso. Ele tem mais facilidade para diversas funções, como acionar a polícia. O laboratório credenciado pelo COI [Ladetec, no Rio] é de uma universidade federal [UFRJ]. Além disso, os recursos serão da esfera federal", argumenta Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB.
"Não criamos uma agência própria porque é preciso que haja uma legislação federal. Não adianta fazermos algo e o Legislativo mudar tudo", completa ele.
Apesar de se eximir da responsabilidade, Nuzman disse que o COB continuará a fazer controles. "Faremos testes em nossas competições. Isso não nos desonera."
Sob a responsabilidade do ministério, ainda não se sabe quando a comissão iniciará seus trabalhos. ""Houve a mudança de governo. É natural que exista um período de adaptação", justifica Eduardo de Rose, membro do conselho principal da Wada.
De Rose foi apontado como presidente da CNA, condição que deve ser oficializada em breve, segundo o ministério. À época de sua criação, o médico encampou o discurso de Nuzman e disse que a existência da comissão seria impossível sem a ação do governo.
O ministério negou que haja lentidão no processo e informou que a primeira reunião da comissão deve ser marcada para breve, provavelmente ainda neste ano.


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