São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

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Iguais, Luxemburgo e Leão fazem tira-teima

Fernando Santos/Folha Imagem
Leão, do Corinthians, passa orientação no Parque São Jorge


Técnicos de Corinthians e Santos, que duelam hoje, viram "diretores" nos clubes

Desafetos, treinadores vão a campo no Pacaembu com duas vitórias cada um em duelos pelo Brasileiro na era dos pontos corridos

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Emerson Leão faz de tudo para derrubar qualquer semelhança com Vanderlei Luxemburgo. Mas os dois estão cada vez mais parecidos na maneira de trabalhar. Ambos já ultrapassaram a linha do treinador comum. Suas funções vão muito além de preleções e treinamentos táticos e técnicos.
Hoje, às 20h30, no Pacaembu, eles serão as estrelas maiores no clássico entre Corinthians e Santos, assim como mandam seus inflados egos, para um tira-teima no duelo entre dois dos mais badalados técnicos brasileiros na atualidade.
Leão não suporta o colega. Acusa-o de tentar roubar seu cargo no Santos em 2003.
Como ele já adiantou, ambos não se cumprimentarão, mas basta uma análise rápida no modo de comandar dos dois para constatar que as diferenças entre eles restringem-se basicamente ao modo de se vestir e à cor dos cabelos.
Luxemburgo, com seus ternos alinhados e cabelos negros, é um diretor de futebol. Leão, com seu agasalho esportivo ou um modelito mais esporte fino e cabelos brancos, também.
A função, que o santista batizou de "manager" quando estava no Parque São Jorge em 2001, é a mesma. No Corinthians, Leão ganhou carta branca do presidente Alberto Dualib para fazer e acontecer.
Além das atribuições de treinador, participa das negociações para contratação de jogadores ativamente. Hoje, ninguém no Parque São Jorge pode tomar uma atitude referente ao futebol sem consultá-lo.
Foi assim, com aval e participação direta dele, que César, Magrão e Amoroso chegaram.
Com autoridade, disse também que o atacante Nilmar irá continuar no clube. Leão também anda à frente do projeto de construção de um moderno centro de treinamento para o clube. Teve até encontros com arquitetos para discutir a obra.
Outra faceta dele foi se tornar soldado de Dualib na briga com Kia Joorabchian. O treinador, inclusive, chegou a decretar o fim da gestão do iraniano. "Ele não nos pertence mais."
Então, você é manager [gerente], Leão? "Não existe nada de verdade nessa palavra inglesa. Tudo que estiver relacionado a mim eu sou o responsável. Eu sou treinador de futebol e, se tiver algo fora da minha alçada, eu peço permissão", explica.
O expediente de Luxemburgo no Santos é parecido. O treinador foi responsável pela contratação de oito jogadores do paranaense Iraty, cujo dono é seu amigo Sérgio Malucelli. Também foi fundamental na negociação para ter o meia Zé Roberto. Ajudou a convencê-lo a aceitar a proposta santista e rejeitar a do São Paulo.
Em 2004, Luxemburgo participou do projeto do novo centro de treinamento santista antes de ir para o Real Madrid. Ao voltar, reclamou que a sala de imprensa do local era menor do que a que tinha planejado.
"São dois treinadores muito capacitados. São os dois melhores do Brasil. Sabem das limitações e das qualidades de suas equipes e são motivadores", elogia o corintiano Roger.
Os dois vão a campo com duas vitórias cada um em duelos por Brasileiros de pontos corridos. Luxemburgo ganhou duas pelo Cruzeiro contra o Santos de Leão em 2003 (2 a 0 e 3 a 0). No ano seguinte, o agora corintiano bateu, com o São Paulo (1 a 0) , o rival, já no Santos. Nesta edição, Leão teve mais um triunfo contra o santista pelo São Caetano (2 a 0).


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