São Paulo, segunda-feira, 05 de outubro de 2009

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Jogos turbinam segurança no Rio

Investimento federal na sede da Olimpíada-2016 deve saltar, a partir de 2012, para R$ 700 milhões

Se a previsão do Ministério da Justiça se concretizar, a cidade receberá mais R$ 3,5 bilhões até o ano do evento esportivo, via Pronasci

DOS ENVIADOS A COPENHAGUE

O governo vai praticamente dobrar o total de verbas de segurança com destino ao Rio de Janeiro por conta da obtenção da Olimpíada-2016. A partir de 2012, o Ministério da Justiça prevê investir no Estado R$ 700 milhões só neste setor.
Esses repasses serão feitos por meio do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), que abrange dinheiro para atender a jovens de comunidades carentes, fornecimento de armamento e outros equipamentos, além de tropas adicionais.
Atualmente, esse programa já tem o Rio de Janeiro como maior destinação de suas verbas. De um total de R$ 1,140 distribuídos no ano passado, R$ 420 milhões foram para o Estado. Ou seja, o ministério já dá 37% desse projeto à região.
Se a previsão do Ministério da Justiça for concretizada, o Rio receberia R$ 3,5 bilhões em investimentos do Pronasci, de 2012 a 2016.
"O Rio hoje tem mais verbas porque foi quem apresentou mais programas", explicou o ministro Tarso Genro, que classificou a cidade como a mais importante no programa. "Obrigatoriamente [o repasse ao Rio] vai aumentar", disse.
O Rio de Janeiro ocupa a quarta posição no ranking de assassinatos por Estado do Brasil, com 45,1 mortes por 100 mil pessoas. O líder desta estatística é Alagoas, seguido por Espírito Santo e Pernambuco.
Mas Tarso afirmou que os outros Estados não sofrerão com a concentração de verbas na cidade fluminense porque o investimento no Pronasci está aumentando em todos os lugares. A previsão do ministério é de que exista investimento de R$ 1,230 bilhão em 2009.
A prioridade do gastos do Pronasci é ajudar jovens carentes com o objetivo de evitar que se envolvam em violência. No Rio, isso vem sendo feito em algumas favelas, como o Morro Dona Marta, com a ocupação permanente da polícia.
"Se isso vai acontecer em outras favelas, é uma decisão a ser tomada pelo governo do Estado", esclareceu Genro.
Durante entrevista em Copenhague, o governador do Rio, Sergio Cabral exaltou a mudança no Dona Marta. "Vai lá ver como está", disse aos jornalistas. Na mesma ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou que as favelas, no futuro, passariam a ter casas de alvenaria e iriam virar bairros.
Na apresentação da candidatura do Rio, e no dossiê final, o Pronasci foi usado como argumento para convencer os delegados do COI (Comitê Olímpico Internacional) da melhora na segurança da cidade.
Deu certo. O relatório de avaliação do comitê indicou que havia reduções nos índices de criminalidade na cidade graças ao programa que envolvia ações sociais com jovens. Membros do COI visitaram favelas ocupadas no Brasil.
Genro ainda ressaltou outros fatores no trabalho, como o uso de oficiais mulheres para promover policiamento comunitário e o uso de armas não letais. Uma oficial da Polícia Militar foi citada por Cabral durante o evento que escolheu a Rio-16.
Durante a semana da disputa pela sede olímpica, a imprensa internacional chegou a questionar onde estava Genro, que não participou da apresentação da candidatura carioca, nem de entrevistas coletivas -ele apareceu na cerimônia final. (RODRIGO MATTOS E SÉRGIO RANGEL)

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