DA ENVIADA A FLORIANÓPOLIS

A ansiedade era tanta que Raphael Becker, 25, pela primeira vez precisou recorrer ao chá da mãe. "Ele disse que estava com dor aqui [passa a mão na barriga], e eu dei boldo", disse Lúcia.
O catarinense, adepto da ioga, sentia a pressão pelo que iria encarar ontem: Andy Irons, bi do Circuito Mundial (WCT) e que está quase com a mão na taça.
Mas, ao ver a praia da Joaquina com ondas pela primeira vez desde que foi aberto o período de espera da etapa brasileira, na segunda-feira, relaxou. E surpreendeu. Becker venceu sua bateria e jogou o havaiano na repescagem.
"Tentei pegar qualquer onda porque eles [Irons e Pat O'Connell, seus rivais] surfam muito."
Becker foi ovacionado. Uma situação diferente da que o herói local vive no cotidiano. Ele nunca disputou uma etapa do WQS (divisão de acesso). Foi convidado para o WCT de Florianópolis por causa do título catarinense deste ano, seu melhor resultado.
"Não vejo nada de mais em perder para um estreante no circuito", esbravejou Irons ontem.
"Ele nem olhou na minha cara. Isso me deu gana", disse Becker.
Hoje, Irons tenta seguir na disputa -ele só precisa chegar às semifinais no Brasil ou no Havaí para obter o título. Para ajudar, seu único rival, Joel Parkinson, que precisa ser campeão das duas etapas, também perdeu ontem.