São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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BOXE

Coadjuvante de luxo

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos poucos, os próximos passos a serem dados no retorno de Popó aos ringues vão ficando mais claros. Representantes do campeão dos leves pela Federação Internacional de Boxe, Julio Diaz, vêm mantendo contato com a equipe do pugilista brasileiro, esta coluna apurou.
Segundo uma fonte envolvida na negociação, Diaz recebeu a proposta de defender seu cinturão na mesma programação que será encabeçada pelo lutador baiano no dia 11 de dezembro, no Brasil. Caso ambos vençam seus combates, Popó desafiaria o norte-americano em abril de 2005, no Foxwoods Casino (EUA).
Diego "Chico" Corrales, algoz de Popó em agosto, ficaria para um segundo momento.
A escolha de Diaz para Popó voltar a disputar um cinturão é compreensível. Ele é empresariado por representantes de uma reserva indígena, considerados pela equipe do brasileiro mais razoáveis na mesa de negociações. Daí sua viabilidade.
Os demais campeões são Juan Lazcano (Conselho Mundial de Boxe) e Juan Diaz (Associação Mundial de Boxe), controlados, respectivamente, pela Top Rank, de Bob Arum, e pela Main Events, de Kathy Duva.
No caso de Corrales, ele, ao menos por ora, é co-promovido pelos americanos Gary Shaw e Arthur Pelullo, promotor de Popó, o que de seu ponto de vista justificaria que uma revanche fosse empurrada para um segundo momento (apesar de haver uma cláusula prevendo revanche em um dos contratos assinados entre Shaw e Pelullo).
Claro, em primeiro lugar, é preciso acertar todos os detalhes para que a programação de dezembro saia como esperado.
Há alguns problemas.
O primeiro é a desistência de Yuri Romanov, de Belarus, segundo do ranking da Organização Mundial de Boxe, de participar da eliminatória com Popó, primeiro da listagem, que apontaria um desafiante oficial para "Chico" Corrales.
Os olhos do time de Popó se voltam agora para o polonês Matt Zegan, terceiro do ranking da OMB, cujo eventual confronto com Popó também teria status de "box offs" (eliminatória).
Substituir Romanov por Zegan é o mesmo que trocar seis por meia dúzia. Se Romanov provocou algumas zebras, Zegan derrotou dois britânicos ranqueados, Laszlo Bognar e Manuel Gomez, além de ter perdido por pontos para Artur Grigorian, de quem Popó havia tomado o cinturão dos leves.
Um outro problema apontado pelo time de Popó é o de que ainda não há contrato afirmando que a luta ocorrerá no Ibirapuera -apesar de ambos os lados terem confirmado a luta no local.
Um terceiro problema é que a programação terá a concorrência da disputa do título dos pesos-pesados entre Vitali Klitshko e Danny Williams, carrasco de Tyson, que a HBO Plus anunciou que incluiu em sua grade.
A equipe de Popó crê que não há competição. O argumento é o de que todos vão querer ver Popó, que não se apresenta no país há cinco anos.

Brasil 1
Está confirmado que a programação de dezembro terá o pena Valdemir Pereira, o leve Juliano Ramos e o cruzador Laudelino Barros lutando nas preliminares. Eles disputarão títulos Fedelatin da AMB.

Brasil 2
Os cronistas de boxe dos EUA adotaram dois pesos e duas medidas ao comentar a derrota do brasileiro Kelson Pinto para o porto-riquenho Miguel Cotto na disputa pelo título da OMB dos meio-médios-ligeiros. Antes da derrota, Kelson vinha sendo chamado de "Brazilian Bomber" ("Bombardeador Brasileiro") e também de "perigoso". Após a vitória fácil de Cotto, passaram a se referir a Kelson como "untested" ("não-testado"). Tudo para agradar às poderosas redes americanas de TV. Ou para preservar os títulos de "especialistas".

E-mail eohata@folhasp.com.br


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