São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2010

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Documentário mostra Senna hollywoodiano

SANDRO MACEDO
DE SÃO PAULO

É um documentário. Mas "Senna", que estreia em cerca de 120 salas do Brasil na próxima semana, tem todos os elementos de uma ficção hollywoodiana: o herói, os percalços, a idolatria, um rival visível (Prost) e o grande vilão que a todos controla, o sistema (representado na figura de Jean-Marie Balestre, presidente da FIA naqueles tempos).
E bem que Hollywood tentou. Antes de o produtor James Gay-Rees pegar o projeto, Antonio Banderas chegou a procurar a família Senna para produzir um filme sobre o tricampeão mundial da F-1, morto após acidente em Imola, na Itália, em 1994, aos 34 anos.
Com o espanhol no papel principal, a Warner assinou contrato. "Mas a proposta de abordagem do filme não refletia o Ayrton, e a gente não chegou a um acordo", relembra Viviane Senna, irmã do piloto e presidente do Instituto Ayrton Senna.
Com a "abordagem certa", Gay-Rees e o roteirista Manish Pandey conquistaram Viviane, que apoiou o filme, dirigido pelo inglês Asif Kapadia. Sem entrevistas com pilotos, dirigentes ou jornalistas que estão na F-1, não há contestação.
Assim, o grande trabalho em "Senna" é de edição. "Vimos 5.000 horas de filmagens por alguns anos", afirma Kapadia. O material a que ele se refere foi cortesia de Bernie Ecclestone, que liberou filmes da FIA.
Com o acervo em mãos, Pandey faz o roteiro de um herói clássico, que luta ano a ano contra seu rival de equipe, o francês Alain Prost, pelo domínio da F-1 -com uma trilha emocionante conduzida pelo brasileiro Antônio Pinto, dessas para levar fãs às lágrimas.
Com boas cenas inéditas, de reunião de pilotos, por exemplo, revela-se o grande vilão do filme. Não Prost, mas sim o dirigente Jean- -Marie Balestre (1921-2008), com tiradas dignas de um egocêntrico tirano de Hollywood: "A minha decisão é sempre a decisão correta".


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