FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já resolveu que vai entregar o Ministério do Esporte ao PC do B, um dos seus aliados de campanha.
A decisão foi comunicada aos comunistas e abriu uma crise entre os partidos. Não satisfeito com a pasta, que considera ter pouca relevância política, o PC do B ainda tenta convencer o presidente eleito a mudar de idéia.
Os comunistas têm três preferências: Defesa, Integração Nacional e Desenvolvimento Agrário. É muito pouco provável, entretanto, que Lula volte atrás.
Ontem, o deputado José Dirceu, que será chefe da Casa Civil no novo governo, anunciou a decisão a parlamentares do PT e pediu a eles a indicação de nomes do partido para ocupar a Secretaria Nacional de Esporte.
Comandar o órgão -responsável por gerenciar o ministério, inclusive a distribuição das verbas-, é a forma encontrada pelos petistas para não ficarem alijados das deliberações do setor.
Ao PC do B caberia, além do titular do ministério, indicar um nome para a Secretaria Nacional do Lazer, possivelmente a principal surpresa na estrutura da pasta, que mudaria de nome.
A área de turismo será desmembrada do esporte, sendo incorporada provavelmente ao Ministério de Desenvolvimento.
O nome do novo ministro deve ser anunciado por Lula no final de semana. O PC do B ainda discute quem indicar caso não convença o presidente eleito a lhe dar uma pasta de maior força política.
Os principais "ministeriáveis" do partido são os deputados Agnelo Queiroz (DF) e Aldo Rebelo (SP). Em favor do primeiro está a co-autoria da Lei Piva -que destina dinheiro de loterias aos comitês olímpico e paraolímpico-, um bom trânsito entre dirigentes desses esportes e uma grande disposição em pegar o cargo.
O segundo tem o trunfo de ter presidido a CPI da CBF/Nike, que devassou os subterrâneos do futebol nacional, mas preferia a Defesa -e não acharia má idéia cumprir seu mandato na Câmara.
Contra os dois existe a disposição do PC do B em não abrir mão de parlamentares eleitos (caso de Queiroz e Rebelo), para não enfraquecer a bancada do partido.
Caso prevaleça esse desejo, seria indicado alguém do partido com habilidade política e conhecimento na área, e aí aumentam as chances da secretária de Esporte de São Paulo, Nádia Campeão.
A maior disputa deve ser travada pelo comando da Secretaria Nacional de Esporte. O Setorial Nacional de Esporte e Lazer do PT, fórum do partido para debater o tema, vai indicar dois nomes: o ex-vereador Juarez Soares, preferido dos paulistas que integram o setorial, e o vice-presidente da Suderj José Ribamar Pereira Filho, avalizado por cariocas.
Mas a vaga também é reivindicada pelos "gestores" do PT, os secretários de Esporte do partido. Nesse segmento, dois nomes fortes são Rejane Penna, da Prefeitura de Porto Alegre, e Rodrigo Terra, do governo de MS.
O cargo, entretanto, ainda pode ficar com algum integrante da comissão convocada por Lula para apresentar propostas para o setor, o chamado "grupo dos notáveis", que tem a simpatia e o respaldo do presidente eleito.
Na comissão, quem tem demonstrado mais ânimo para integrar o governo é o ex-jogador Sócrates. Raí, irmão de Sócrates, e a ex-jogadora de basquete Paula também são citados por petistas como concorrentes à vaga.


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