São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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Romário, 41, é pego em antidoping

Substância encontrada em remédios para evitar a queda de cabelo pode tirar o atacante dos gramados por até um ano

"Se tomei doping, foi paraguaio, porque parei de fazer gols", brinca o jogador, que diz que não vai encerrar a carreira


Fernando Maia/Agência O Globo
Romário, que neste ano marcou o milésimo gol da carreira, segundo suas contas, comenta no Rio o resultado positivo para doping em partida contra o Palmeiras

RAPHAEL GOMIDE
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O atacante Romário anunciou ontem à noite ter sido flagrado pelo exame antidoping. Ele pode ser suspenso por até um ano pela Justiça Desportiva. Foi detectada a substância finasterida, utilizada na fórmula de tônicos capilares, na urina do atleta de 41 anos.
Romário fez o exame após a partida contra o Palmeiras, realizada no dia 28 de outubro, em São Januário. Ele admitiu que usa o remédio Propecia, contra queda de cabelos -antes, não quis citar o medicamento para evitar fazer "propaganda" dele.
O atacante será suspenso preventivamente hoje pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). O julgamento deverá ocorrer provavelmente no próximo ano, mas o jogador pretende antecipá-lo. "Vou fazer 42 anos em janeiro. Quanto mais tempo ficar parado, pior é", afirmou.
Em entrevista coletiva em São Januário, o jogador de 41 anos admitiu ter feito uso de tônicos capilares, que contêm a substância proibida.
"Quem me conhece sabe que não me dopo. Por isto, fiz questão de fazer este comunicado. Gosto de enfrentar todos os meus problemas de frente."
Apesar da idade avançada para o futebol, o atleta garantiu que não vai encerrar a carreira. Eleito melhor jogador do mundo pela Fifa em 1994, Romário disse que pretende disputar "algumas partidas" pelo Vasco no Estadual do Rio (que será aberto em janeiro), como é o desejo de Eurico Miranda, o presidente do clube.
"Isto não vai me atrapalhar. Não tive a intenção de tirar vantagem", disse o atacante, acrescentando que "a única coisa que vai mudar na minha imagem é que vou ter menos cabelo". Ele ainda foi irônico.
"Minha performance caiu, mas os cabelos continuam aqui. Só se tomei um doping paraguaio, porque parei de fazer gols", brincou Romário, que, nas últimas partidas de seu clube, era utilizado apenas como substituto na etapa final.
Desde que marcou, em maio, o milésimo gol da carreira, segundo suas contas, o jogador tem uma rotina menos profissional. Ele treina e joga quando quer. Ele se recusou, por exemplo, a enfrentar o Paraná, no último domingo, no jogo que encerrou a participação do Vasco no Brasileiro, competição em que mais uma vez o clube carioca foi figurante. Alegou estar cansado de viagem que fez aos Estados Unidos.
Romário também não entrou em campo contra o Corinthians, na semana passada, no estádio do Pacaembu. Naquele dia, regressava de Miami.
Neste ano, um outro jogador foi flagrado pela Comissão Antidopagem da CBF com a mesma substância encontrada na urina de Romário. O zagueiro Marcão, do Internacional, foi suspenso pelo STJD por 120 dias na primeira instância. No julgamento no pleno do tribunal, o atleta teve a pena reduzida para 60 dias, além de ter de bancar cestas básicas.
O zagueiro foi flagrado no exame realizado após a partida contra o Juventude, no dia 21 de agosto, pelo Brasileiro. Ele também alegou ter feito uso de um tônico capilar.
Romário foi homenageado anteontem pela CBF. O atacante recebeu um prêmio especial pelo milésimo gol.
"Quero encerrar a carreira com um título", disse o jogador, na festa. Ele também está cotado para trabalhar com Dunga na seleção brasileira que vai disputar os Jogos de Pequim. Também virou embaixador do Brasil como sede da Copa-14.


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