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Relatório questiona antidoping do Pan
Documento da Wada, redigido por observadores independentes, constata irregularidades nos controles dos Jogos no Rio
Agência aponta, entre outros erros, despreparo de pessoal, irregularidades na coleta
dos exames e série de falhas
em laboratório credenciado
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os controles realizados no
Pan do Rio foram postos em xeque por relatório da Wada
(Agência Mundial Antidoping).
O texto da entidade foi tornado público na mesma época da
maior investigação sobre o tema no Brasil, com o caso da nadadora Rebeca Gusmão, que é
invstigado até pela polícia.
Segundo a Wada, houve despreparo de pessoal, irregularidade na coleta e erro de procedimento no laboratório, entre
outros equívocos. Uma equipe
de quatro observadores independentes acompanhou o Pan.
"Achei bom o relatório. É claro que, em 1.300 amostras, não
espere que tudo ocorra direitinho. Mas discordo de algumas
coisas", afirmou o médico brasileiro Eduardo de Rose, coordenador do antidoping no Pan.
Para o grupo, "muitos dos
oficiais de controles de doping
tinham pouca ou nenhuma experiência na condução de uma
sessão de coleta de amostra".
Tal despreparo gerou confusão. Foi reportado que alguns
oficiais colocavam o código de
barras do exame (que vai identifíca-lo até o fim do processo)
só na primeira via do formulário, pediam assinatura do atleta
e o dispensavam. Só depois etiquetavam todas as vias, até a do
laboratório, sem o competidor.
No preenchimento dos formulários, os observadores
constataram ao menos três casos de equívocos relevantes.
Na coleta, os oficiais aceitaram amostras diluídas (densidade inferior a 1,004), o que dificulta a análise do laboratório.
Segundo a Folha apurou, o
procedimento seguido era este:
se a primeira amostra estivesse
diluída, pedia-se outra; caso a
segunda tivesse o mesmo problema, o material era aceito.
No pentatlo moderno, um
atleta forneceu urina diluída e,
em vez de ele colher nova
amostra na hora, a coleta foi
adiada para o dia seguinte, contrariando as regras do controle.
Nos esportes aquáticos, atletas reclamaram que constava
nos formulários, além do gênero, a prova que haviam disputado. Com esse dado, seria muito
fácil identificar os donos das
amostras de urina, o que violaria o princípio do anonimato.
No Ladetec, laboratório do
Rio credenciado pelo Comitê
Olímpico Internacional, também foram constatadas falhas.
A Wada notou que o local era
pequeno para o volume de análises feitas diariamente. Além
disso, houve descompasso entre o processo de entrega das
urinas e o expediente dos técnicos. As amostras coletadas à
noite eram entregues só no dia
seguinte, atrasando resultados.
Os novos equipamentos, importados para o Pan, demoraram a entrar ação pelo laboratório. Isso atrasou as análises
para substâncias como testosterona, substância do doping
de Rebeca. E, quando o exame
foi realizado, em alguns casos,
houve falha de procedimento.
O nível da substância é considerado alterado quando a relação entre testosterona e epitosterona, um outro hormônio,
é superior a quatro. Hoje, há
equipamentos capazes de detectar se a alteração é produzida pelo organismo ou é exógena (foi ingerida pelo atleta).
Mas, quando há nível anormal, é preciso reportá-lo para
que haja investigação, se o controle antidoping aprovar. No
Pan, isso não foi mencionado
no resultado quando detectado
hormônio endógeno. "Nesse
caso, nosso pessoal interpretou
mal a forma de lançamento de
resultados", diz Francisco Radler, coordenador do Ladetec.
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