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No ano da vergonha, conselheiros decidem se Contursi continua ou se Belluzzo vira o novo presidente
Palmeiras vota o marechal da 2ª
EDUARDO ARRUDA
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à maior crise moral da
história do Palmeiras, a sede social do tradicional clube paulistano viverá noite agitada hoje por
conta da mais disputada eleição
presidencial dos últimos tempos.
Mustafá Contursi, 61, atual presidente, e Luiz Gonzaga Belluzzo,
60, candidato da oposição, se digladiam nas urnas para ver quem
ganha a missão de tirar o time da
segunda divisão e devolvê-lo à elite do futebol brasileiro.
Quando estiverem frente a frente no salão nobre do Parque Antarctica, o esperado aperto de
mão entre os dois candidatos não
esconderá a guerra de nervos
existente entre eles, desde que Belluzzo decidiu ser oposição a até
então sempre tranquila situação
que domina já tem tempo o clube.
Havia mais de uma década, os
palmeirenses não acompanhavam um processo eleitoral tão tumultuado e tenso. O clube tem
visto um reinado soberano de
Contursi desde 1993, graças a uma
manobra no estatuto do clube armada três anos depois.
Em novembro último, uma semana depois de o time ser rebaixado para a segundona, uma ala
descontente de conselheiros e
simpatizantes do clube articulava
em evento, num reduto italiano, o
lançamento oficial da candidatura do oposicionista Belluzzo.
Na mesma noite era marcado
por Contursi, em uma pizzaria da
cidade, um "jantar" para conselheiros do clube. Contursi, que
não compareceu à pizzada, queria
saber quem estava a seu lado.
Ficou feliz com a resposta: 180
conselheiros foram ao evento da
situação, enquanto apenas 40 manifestaram apoio a Belluzzo.
Começava aí a rede de provocações entre os dois postulantes ao
cargo de comandante palmeirense numa era tão turbulenta para o
clube que deve continuar mesmo
após o pleito de hoje.
Em pouco tempo, setores da
oposição divulgaram uma lista
pela internet com nome, endereço e telefone de todos os conselheiros do clube e suas supostas
preferências nas eleições.
A resposta de Contursi foi imediata. Segundo ele, a lista serviu
para intimidar, por meio de
ameaças telefônicas anônimas e
pichações pelas ruas, os simpatizantes da situação.
"É claro que os covardes, que ficam no anonimato, estão tentando me intimidar, mas isso não
acontecerá", esbravejou o presidente, que solicitou reforço policial no Parque Antarctica hoje.
Com o nome de "Muda Palmeiras", a chapa liderada por Belluzzo levou a campanha eleitoral às
ruas. Espalhou 50 outdoors pela
cidade, embarcou na onda de mudanças do governo Lula ("O Brasil mudou. Muda Palmeiras") e
fez troça com a queda do time para a segunda divisão na gestão
Contursi ("O Palmeiras merece
um presidente de primeira").
Para alavancar sua candidatura,
Belluzzo, que diz contar com 120
votos de um total estimado por
ele em 250, também tentou pegar
carona nos triunfos da oposição
em outros clubes, como no Botafogo, outro rebaixado para a Série
B, que fez do candidato Bebeto de
Freitas seu novo presidente.
Contursi, favorito para vencer o
pleito de hoje, não faz contas. E
zomba da chiadeira de seus opositores. "Aqui até quando o Palmeiras é campeão aparece gente para
reclamar. Se o clube fosse levar
em conta os descontentes, todo final de temporada haveria eleição
para presidente do Palmeiras."
As duas principais torcidas organizadas do Palmeiras têm comportamento diferente quanto à
eleição que vai definir o futuro do
clube. Enquanto a TUP "abraçou"
a campanha de Belluzzo, a sempre agitada Mancha Alviverde optou estranhamente pelo silêncio.
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