São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008 |
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Pobreza e opulência conhecem elite no Rio Cardoso Moreira, cidade modesta, e Macaé, terra do petróleo, estréiam Com ascensão à primeira divisão do Estadual, times, bancados principalmente com ajuda pública, esperam ter aumento de verba
SÉRGIO RANGEL ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ E A 00000 CARDOSO MOREIRA Eles não têm sócios, jogam em estádios minúsculos e foram batizados com o nome de suas cidades. A maioria dos times foi criada há menos de três anos, mesmo período da mudança na política municipal, e conseguiu a vaga na elite do futebol do Rio tendo sido bancados pelos cofres públicos. Este é o perfil dos cinco novatos -Macaé, Duque de Caxias, Cardoso Moreira, Resende e Mesquita - do inchado Estadual fluminense, que pulou de 12 para 16 clubes em 2008. Pelo menos R$ 1,2 milhão foi destinado oficialmente pelas prefeituras, algumas carentes, para bancar o sonho boleiro de dirigentes e políticos locais. A partir do dia 19, os cinco times vão jogar no Maracanã contra os grandes do Rio. Dos classificados, apenas o Mesquita havia disputado a primeira divisão do Estadual. ""Com tanto dinheiro arrecadado, a Prefeitura de Macaé tem mais é que bancar o nosso time mesmo", afirmou o presidente do Macaé Esporte, Teodomiro Bitencourt Filho, o Mirinho, que também é secretário de Esporte do município do norte Fluminense. Localizado na segunda cidade que mais arrecada royalties com petróleo no país -somente no primeiro semestre deste ano recebeu R$ 163 milhões-, o Macaé Esporte é o primo rico dos novatos. Fundado em 1998, o time que tem as cores da bandeira cidade -azul e branco- é bancado pelo dinheiro público. Sem nenhum sócio, o clube recebeu do município, oficialmente, R$ 800 mil para disputar a Segundona em 2007. Para jogar a primeira divisão, o Macaé Esporte deverá receber ""um aumento significativo" da prefeitura, segundo Mirinho. O orçamento municipal ainda será votado. A prefeitura da cidade reformou todo o estádio, que será ampliado com mais verba pública. Pelo projeto desenvolvido pela Secretaria de Obras, a arena terá capacidade para 20 mil lugares. O valor da primeira fase da obra é de R$ 12 milhões. Azarão da Segundona, o Cardoso Moreira também é financiado pelos cofres da prefeitura local. A cidade é uma das mais pobres do Estado -ocupa o antepenúltimo lugar no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). A cidade tem quase 20% de analfabetos. Apesar do situação desoladora do município, o clube, profissionalizado há dois anos, conta com uma estrutura parecida com a do Macaé Esporte. O Cardoso Moreira não tem sócios nem outra fonte de renda que não seja o cofre municipal. Funcionários e presidente (Alexandre Cozendey, também secretário de Planejamento) são contratados da prefeitura. ""Dávamos oficialmente R$ 2.000 mensais, além de nossos funcionários. Uso o meu prestígio com os empresários da região para conseguir mais dinheiro para o clube", afirma o prefeito, Renato Jacinto (PMDB), explicando os seus métodos de administrar o Cardoso. Segundo ele, a folha salarial dos ""marrecos" não ultrapassa R$ 20 mil mensais. ""Agora, na primeira divisão, a prefeitura vai investir mais. A ajuda oficial será pelo menos dez vezes maior", acrescentou. Fundado há menos de três anos e com as mesmas cores usadas para marcar as obras da prefeitura, o Duque de Caxias foi o último time a se classificar. Segundo o presidente do clube, Luis Carlos Martins Areas, o Duque de Caxias tem o prefeito Washington Reis como torcedor, mas não recebe verba pública diretamente. ""Ele não investe na gestão do time, mas reformou o estádio da cidade para os nossos jogos", disse o dirigente, que recebeu de Reis a promessa de os cofres públicos bancarem o time no Estadual. Ontem o clube exibiu o atacante Viola, 39, como reforço. O Resende e o Mesquita seguem caminho semelhante aos do Macaé e do Cardoso Moreira. Em Resende, a prefeitura gastou R$ 250 mil neste ano. Em apenas dois anos, os resultados apareceram. O time subiu duas vezes. ""Não temos luxo, mas contamos com o necessário. As coisas estão caminhando bem" disse Alberto Macedo, gestor do clube. Em 2008, o prefeito Silvio de Carvalho (PMDB) já anunciou que desembolsará o dobro. Uma das mais violentas cidades do Estado, Mesquita também conseguiu emplacar o seu time na primeira divisão. O clube recebeu quase R$ 100 mil dos cofres municipais. ""Agora, temos que conseguir mais para não morrermos na praia", disse o presidente do Mesquita, Mauro Cacau, indicando que baterá na porta do prefeito para obter mais dinheiro público. Texto Anterior: Exceção: São Paulo tem clube que demorou 88 anos para chegar à elite Próximo Texto: Prefeitos boleiros defendem investimento Índice |
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