São Paulo, #!L#Domingo, 06 de Fevereiro de 2000


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FUTEBOL
A corrida do ouro


RODRIGO BUENO

A corrida ao ouro olímpico no futebol está tirando algumas pessoas da realidade -historicamente, a disputa desenfreada pelo rico minério quase sempre resultou no chamado ""ouro de tolo".
Primeiro, o torneio olímpico nunca despertou de verdade a atenção da nata do futebol, tanto que são quase cem anos de Jogos, e potências da modalidade, como Brasil e Argentina, não conquistaram a principal medalha (nem por isso deixam de ser potências ou têm seu prestígio abalado).
A conquista de uma medalha de ouro é mais uma questão de marketing para a CBF (o país do futebol precisa ter todos os títulos possíveis da modalidade). A vitória na Olimpíada serviria mais como uma prova final da supremacia do futebol brasileiro no século.
O ouro olímpico, para o Brasil, é muito mais orgulho do que qualquer outra coisa. E o técnico da seleção, Wanderley Luxemburgo, acabou se atrapalhando com isso quando tentou convencer seus jogadores a abdicar da premiação.
Os atletas de praticamente todos os países ganham premiação. Os atletas de outras modalidades (algumas, como o atletismo, são muito mais olímpicas do que o futebol) também são premiados. Por que os jogadores de futebol do país, que estão entre os melhores profissionais do mundo no que fazem, não deveriam receber?
Outro ponto que precisa ser discutido é o acesso facilitado que vemos hoje para o ouro olímpico (está longe de ser uma maratona).
A fase eliminatória da competição, que termina hoje na América do Sul, é provavelmente mais difícil do que a própria Olimpíada -duas vagas para a América do Sul, que tem pelo menos cinco equipes que poderiam brigar por medalhas em Sydney!
Nos Jogos, serão 16 participantes, metade do número que disputa a Copa. Serão só quatro países europeus na disputa (nos Mundiais, quase 50% dos participantes são de lá).
Os europeus não deverão ter mais uma vez jogadores com mais de 23 anos na disputa. A Olimpíada será em setembro, em meio ao rígido calendário europeu, e nenhum clube deverá facilitar a saída de seus principais craques.
Pela Ásia, jogarão Kuait, Coréia do Sul e Japão. O jargão diz que um raio (a derrota da seleção para os japoneses em Atlanta) não cai duas vezes no mesmo lugar.
Na Concacaf, México e EUA são ainda os que mais ameaçam (o último verbo foi mal colocado).
Como o país-sede, a Austrália ainda não tem cacife para pleitear um título, o único perigo mesmo, além do segundo representante sul-americano, é a África.
Serão quatro africanos no torneio (três estão garantidos, e um jogará uma repescagem com o melhor time da Oceania, sem contar a Austrália). A África entra com o mesmo número de times do que a Europa (isso nunca acontecerá na Copa). Porém o resto do mundo, especialmente o Brasil, já aprendeu em 1996 a lição e não tratará os africanos com desdém.
O final do arco-íris está perto.


Rodrigo Bueno escreve aos domingos




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