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FUTEBOL
A corrida do ouro
RODRIGO BUENO
A corrida ao ouro olímpico no
futebol está tirando algumas pessoas da realidade -historicamente, a disputa desenfreada pelo
rico minério quase sempre resultou no chamado ""ouro de tolo".
Primeiro, o torneio olímpico
nunca despertou de verdade a
atenção da nata do futebol, tanto
que são quase cem anos de Jogos, e
potências da modalidade, como
Brasil e Argentina, não conquistaram a principal medalha (nem
por isso deixam de ser potências
ou têm seu prestígio abalado).
A conquista de uma medalha de
ouro é mais uma questão de marketing para a CBF (o país do futebol precisa ter todos os títulos possíveis da modalidade). A vitória
na Olimpíada serviria mais como
uma prova final da supremacia
do futebol brasileiro no século.
O ouro olímpico, para o Brasil, é
muito mais orgulho do que qualquer outra coisa. E o técnico da seleção, Wanderley Luxemburgo,
acabou se atrapalhando com isso
quando tentou convencer seus jogadores a abdicar da premiação.
Os atletas de praticamente todos os países ganham premiação.
Os atletas de outras modalidades
(algumas, como o atletismo, são
muito mais olímpicas do que o futebol) também são premiados.
Por que os jogadores de futebol do
país, que estão entre os melhores
profissionais do mundo no que fazem, não deveriam receber?
Outro ponto que precisa ser discutido é o acesso facilitado que vemos hoje para o ouro olímpico
(está longe de ser uma maratona).
A fase eliminatória da competição, que termina hoje na América
do Sul, é provavelmente mais difícil do que a própria Olimpíada
-duas vagas para a América do
Sul, que tem pelo menos cinco
equipes que poderiam brigar por
medalhas em Sydney!
Nos Jogos, serão 16 participantes, metade do número que disputa a Copa. Serão só quatro países
europeus na disputa (nos Mundiais, quase 50% dos participantes são de lá).
Os europeus não deverão ter
mais uma vez jogadores com mais
de 23 anos na disputa. A Olimpíada será em setembro, em meio ao
rígido calendário europeu, e nenhum clube deverá facilitar a saída de seus principais craques.
Pela Ásia, jogarão Kuait, Coréia
do Sul e Japão. O jargão diz que
um raio (a derrota da seleção para os japoneses em Atlanta) não
cai duas vezes no mesmo lugar.
Na Concacaf, México e EUA são
ainda os que mais ameaçam (o
último verbo foi mal colocado).
Como o país-sede, a Austrália
ainda não tem cacife para pleitear
um título, o único perigo mesmo,
além do segundo representante
sul-americano, é a África.
Serão quatro africanos no torneio (três estão garantidos, e um
jogará uma repescagem com o
melhor time da Oceania, sem contar a Austrália). A África entra
com o mesmo número de times do
que a Europa (isso nunca acontecerá na Copa). Porém o resto do
mundo, especialmente o Brasil, já
aprendeu em 1996 a lição e não
tratará os africanos com desdém.
O final do arco-íris está perto.
Rodrigo Bueno escreve aos domingos
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