São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2008

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recuo

China, agora, teme por 1º lugar

Governo afirma estar atrás de EUA e Rússia e fala em contratar psicólogos para ajudar seus atletas

Em Atenas-2004, país ficou em segundo e, para vencer em casa, contratou técnicos estrangeiros e até exigiu promessas de medalhas


DA REPORTAGEM LOCAL

O cenário de Pequim está praticamente pronto e deve ser um dos mais impressionantes da história da Olimpíada.
A expectativa começa a recair sobre a atuação dos chineses. Fora das arenas, uma série de ações tenta mudar hábitos e deixar o céu mais claro e a cidade mais limpa. Pequim corre para mudar até 8 de agosto.
Agora, no entanto, a China passa a demonstrar insegurança também sobre o que seus esportistas farão quando a pira olímpica for acesa.
O país, que já exigiu medalhas em contrato e é apontado como candidato a superar os EUA, agora afirma não ser uma potência esportiva. E reclama da pressão por resultados.
No Congresso Nacional do Povo, a principal instância parlamentar chinesa e que ficará reunido até o dia 18, o vice-ministro de Esportes falou ontem de uma China mais fraca e insegura, que estaria atrás não só dos norte-americanos, mas também dos russos.
E revelou que indicará psicólogos para ajudar seus atletas a lidarem com a pressão.
"Temos de ser racionais. Além de tudo, não somos uma grande nação esportiva", afirmou Cui Dalin. "No conjunto, EUA e Rússia ainda estão em nível mais alto que o nosso."
Nos Jogos de Atenas-2004, os chineses tiveram 63 pódios, contra 102 dos EUA e 92 da Rússia. De fato, obteve número menor de comendas. Mas no quadro geral, que usa o ouro como critério de classificação, figurou atrás só dos EUA: 32 medalhas douradas, quatro a menos que os norte-americanos.
Por ser sede da Olimpíada deste ano, a China terá vaga em todas as modalidades. E os anfitriões, historicamente, sempre costumam melhorar seu rendimento nos Jogos em casa.
Ganhar a Olimpíada, ou ao menos fazer frente de perto aos EUA no campo esportivo, é uma das ambições dos chineses desde que ganharam o direito de organizar o evento.
Dezenas de técnicos estrangeiros foram contratados, principalmente para trabalhar em modalidades em que os asiáticos não têm tradição.
Alguns deles e atletas de elite do país tiveram até de assinar documentos prometendo a ida ao pódio na competição.
Agora, o governo diz que a ânsia por medalhas tem sido prejudicial aos competidores.
"Eles estão sob pressão pública, com cobertura agressiva e muitas vezes incorreta da mídia chinesa, tornando as coisas ainda piores", disse Cui.
Segundo ele, as autoridades esportivas estão tentando melhorar a preparação mental e emocional dos atletas contratando psicólogos para aconselhá-los. O vice-ministro, entretanto, não deu detalhes sobre a estratégia, normalmente pouco adotada na China.
Cui listou uma série de modalidades em que o país tem problemas para justificar a expectativa por medalhas.
"Não vejo muita esperança na natação e no atletismo. Estamos muito atrás", disse ele, que ainda classificou o futebol como "decepcionante", o basquete como "não muito bom" e destacou possibilidade de sucesso só no vôlei feminino.
O dirigente, porém, não fez previsão sobre o número de medalhas que o país pode acumular durante os Jogos.
"O mais bonito nas competições esportivas é que você nunca sabe o resultado até elas acabarem", afirmou.


Com agências internacionais


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