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Fifa pensa em 2014 desde 2007
Requisições de registro de marcas da Copa começaram há 3 anos, quando Brasil ainda queria ser sede
Entidade também se mexe para identificar quem tenta estabelecer ligação com o evento sem autorização e busca acordo extrajudicial
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Manhã de 2014. Após acordar, um brasileiro toma banho,
bebe café, alimenta o cão e dirige o carro até o trabalho. No escritório, acessa o computador e
o sistema de mensagens com
paradas para almoço com carne e uma água com gelo. De volta à casa, dá comida para o bebê
e põe suas lentes de contato em
líquido antes de dormir.
Em todas essas ações o cidadão poderá usar produtos oficiais da Copa do Brasil-2014,
com licença e ganhos da Fifa.
A entidade já pediu o registro
de 60 marcas alusivas ao evento ao Inpi (Instituto Nacional
de Propriedade Industrial), incluindo produtos e serviços. O
objetivo é lucrar ao receber de
empresas que explorem as
marca em variados itens.
As requisições começaram
em 2007, com o país ainda candidato. Mas foi no segundo semestre de 2009 que a Fifa iniciou, de fato, uma ofensiva pesada para proteger a si e a seus
parceiros comerciais do marketing de emboscada -exploração de marca por empresa
que nada pagou à entidade.
Desde o final do ano passado,
o Inpi começou a confirmar os
pedidos de registro referentes
ao Mundial. A lista inclui sabonete, café, comida para animais, óleo para motor, hardware de computadores e mensagens eletrônicas, carnes, gelo,
alimentos para crianças e medicamentos oftalmológicos.
Todos os itens a serem usados
pelo brasileiro imaginário.
Bebidas alcoólicas e cigarro,
normalmente não associados
ao esporte, estão na relação.
Os produtos estão registrados sob diversas marcas alusivas ao evento. Entre elas, estão
"Brasil 2014", "Copa-2014",
"2014 Cup" e "Mundial 2014".
E, aos poucos, têm sido cedidos
à CBF, que deve participar de
seu licenciamento.
"O importante não é a palavra Copa sozinha porque o importante é a associação com
2014. Por que alguém não coloca 2013 ou 2015? Porque não
terá a associação com o evento", afirma o advogado Pedro
Bhering, que representa a Fifa
no Brasil para a questão.
Associado aos pedidos de registros, o escritório de advocacia também começou, desde o
segundo semestre de 2009,
uma ofensiva para identificar
quem está tentando explorar a
marca da Copa-2014.
Primeiro, os advogados da
Fifa entraram com diversas requisições de oposição no Inpi
contra outras empresas por
tentarem obter a propriedade
de marcas alusivas ao Mundial.
Até agora, impediram registros
novos ligados a 2014.
Segundo, foi iniciada uma
triagem na mídia brasileira para identificar quem estivesse
estabelecendo ligações com a
Copa sem autorização da entidade. A aproximação com o
Mundial da África do Sul-2010
aumentou esse tipo de ação.
"Já fizemos 20 acordos em
janeiro. E temos cinco em curso. Em geral, quando a empresa
é grande e é avisada, retira a
propaganda", disse Bhering.
Os advogados fazem notificações extrajudiciais aos possíveis infratores. Em negociação,
pedem a retirada da publicidade. Se isso ocorrer, a Fifa não
toma medidas judiciais.
Até hoje, a entidade nunca
processou ninguém por uso indevido de suas marcas no Brasil. Diante de uma atenção multiplicada para 2014, tenta se
precaver em todos os campos.
A ponto de englobar a culinária brasileira. Assim, até na hora de comer uma tapioca, tradicional iguaria nacional, o interessado também poderá consumir um produto Fifa.
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