São Paulo, sábado, 06 de março de 2010

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Fifa pensa em 2014 desde 2007

Requisições de registro de marcas da Copa começaram há 3 anos, quando Brasil ainda queria ser sede

Entidade também se mexe para identificar quem tenta estabelecer ligação com o evento sem autorização e busca acordo extrajudicial

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Manhã de 2014. Após acordar, um brasileiro toma banho, bebe café, alimenta o cão e dirige o carro até o trabalho. No escritório, acessa o computador e o sistema de mensagens com paradas para almoço com carne e uma água com gelo. De volta à casa, dá comida para o bebê e põe suas lentes de contato em líquido antes de dormir.
Em todas essas ações o cidadão poderá usar produtos oficiais da Copa do Brasil-2014, com licença e ganhos da Fifa.
A entidade já pediu o registro de 60 marcas alusivas ao evento ao Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), incluindo produtos e serviços. O objetivo é lucrar ao receber de empresas que explorem as marca em variados itens.
As requisições começaram em 2007, com o país ainda candidato. Mas foi no segundo semestre de 2009 que a Fifa iniciou, de fato, uma ofensiva pesada para proteger a si e a seus parceiros comerciais do marketing de emboscada -exploração de marca por empresa que nada pagou à entidade.
Desde o final do ano passado, o Inpi começou a confirmar os pedidos de registro referentes ao Mundial. A lista inclui sabonete, café, comida para animais, óleo para motor, hardware de computadores e mensagens eletrônicas, carnes, gelo, alimentos para crianças e medicamentos oftalmológicos. Todos os itens a serem usados pelo brasileiro imaginário.
Bebidas alcoólicas e cigarro, normalmente não associados ao esporte, estão na relação.
Os produtos estão registrados sob diversas marcas alusivas ao evento. Entre elas, estão "Brasil 2014", "Copa-2014", "2014 Cup" e "Mundial 2014". E, aos poucos, têm sido cedidos à CBF, que deve participar de seu licenciamento.
"O importante não é a palavra Copa sozinha porque o importante é a associação com 2014. Por que alguém não coloca 2013 ou 2015? Porque não terá a associação com o evento", afirma o advogado Pedro Bhering, que representa a Fifa no Brasil para a questão.
Associado aos pedidos de registros, o escritório de advocacia também começou, desde o segundo semestre de 2009, uma ofensiva para identificar quem está tentando explorar a marca da Copa-2014.
Primeiro, os advogados da Fifa entraram com diversas requisições de oposição no Inpi contra outras empresas por tentarem obter a propriedade de marcas alusivas ao Mundial. Até agora, impediram registros novos ligados a 2014.
Segundo, foi iniciada uma triagem na mídia brasileira para identificar quem estivesse estabelecendo ligações com a Copa sem autorização da entidade. A aproximação com o Mundial da África do Sul-2010 aumentou esse tipo de ação.
"Já fizemos 20 acordos em janeiro. E temos cinco em curso. Em geral, quando a empresa é grande e é avisada, retira a propaganda", disse Bhering.
Os advogados fazem notificações extrajudiciais aos possíveis infratores. Em negociação, pedem a retirada da publicidade. Se isso ocorrer, a Fifa não toma medidas judiciais.
Até hoje, a entidade nunca processou ninguém por uso indevido de suas marcas no Brasil. Diante de uma atenção multiplicada para 2014, tenta se precaver em todos os campos.
A ponto de englobar a culinária brasileira. Assim, até na hora de comer uma tapioca, tradicional iguaria nacional, o interessado também poderá consumir um produto Fifa.


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