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Câmera indiscreta
Governo prepara medida para que TVs sem direitos na Copa-2014 ganhem mais espaço
NATUZA NERY
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
BERNARDO ITRI
DO PAINEL FC
Embora tenha que ceder
às inúmeras exigências da Fifa para que o Brasil possa
abrigar a Copa-2014, o governo federal tenta abrir uma
brecha para flexibilizar o monopólio da organização sobre os direitos de transmissão das imagens do Mundial.
A Folha teve acesso ao texto do Ministério do Esporte
para uma medida provisória
que regula ações do Mundial,
chamada Lei Geral da Copa.
O maior impasse é convencer a Fifa a aceitar um artigo
que permite às emissoras de
TV que não compraram os direitos de transmissão veicular 30 segundos de eventos
relacionados à Copa e 3% do
tempo de cada partida.
A Lei Geral da Copa será
enviada ao Congresso assim
que esse ponto for resolvido.
Na prática, a brecha reduz a
exclusividade da distribuição de imagens dos jogos e
eventos ligados ao torneio.
Pela proposta, essas emissoras poderiam usar o chamado "flagrante de imagem", cenas dos jogos destinadas a programas de exclusivo cunho jornalístico. Essa
regra, segundo o texto defendido pelo governo, só valeria
para empresas brasileiras.
Os lances seriam capturados e disponibilizados pela
própria Fifa até duas horas
depois das partidas.
A Folha apurou que o Comitê Organizador Local é
contra essa flexibilização. A
razão segue a lógica comercial: quem paga pelos direitos de transmissão deve ser o
único dono das imagens.
A Globo, tradicional parceira da CBF, já comprou os
direitos de 2014, mas ainda
não negociou com outras
emissoras o sublicenciamento -permissão para transmitir os jogos por meio de autorização da dona dos direitos.
A reportagem apurou que
a Band deve fechar parceria,
como ocorre no Brasileiro.
A proposta do governo de
flexibilizar a transmissão da
Copa coincide com a batalha
entre Globo e Record pela exclusividade do Brasileiro.
A estratégia da Record é
usar as transmissões esportivas para fazer frente ao poder
da Globo. Além da disputa
pelo Nacional, a emissora já
comprou os direitos de Londres-2012 e monta uma tropa
de choque no Congresso para
ter espaço na Copa-2014.
A disposição do governo
de tornar menos rígida a regra de transmissão é mais tolerante que em outras Copas.
Segundo executivos da Record, em outras edições, a
empresa só podia passar os
gols do evento -e em um período de 24 horas a partir do
momento da entrega da fita.
A medida é comemorada
pelas emissoras que não
transmitirão as partidas.
Segundo a medida provisória, a liberação de imagens
na Copa não será mais feita
pela Globo, como ocorreu antes. A Fifa será responsável
por, em até duas horas após
os jogos, disponibilizar, no
mínimo, seis minutos de conteúdo para que as retransmissoras possam usá-los nos
limites de tempo previstos.
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