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FUTEBOL
À Folha, técnico do River Plate fala que Kia e Dualib atrapalham o time
Vingado, Passarella diz que Corinthians é uma bagunça
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ano após ter provocado a
fúria da torcida corintiana ao ser
humilhado pelo São Paulo por 5 a
1, Daniel Passarella, 52, voltou ao
Pacaembu para se vingar do clube
que o demitiu no ano passado.
Novamente provocou a ira dos
torcedores, mas desta vez triunfou e saboreou uma doce vingança como algoz do time que, segundo ele, o traiu.
O técnico do River Plate, deixou
São Paulo ontem e, novamente, o
Corinthians em crise. Antes de
embarcar para Buenos Aires, conversou com a Folha e sentenciou:
"O Corinthians é uma bagunça.
Dessa forma, jamais vai ganhar a
Libertadores", declarou.
Trajado com o agasalho do River Plate, usando óculos e sua tradicional maleta 007, Passarella,
antes de sair do luxuoso hotel que
hospedou o clube argentino, posou para fotos, deu autógrafos e
até ouviu pedidos de corintianos
para que voltasse ao clube.
Bastante simpático, o treinador
afirmou que essa não é sua pretensão neste momento. Na verdade, seu caso com o Corinthians
ainda não terminou.
Ele aguarda, na Fifa, o resultado
de uma ação movida contra o clube e sua parceira, a MSI, em que
cobra dívida de R$ 3,5 milhões
por quebra de contrato. O resultado deve sair até o início de junho.
Acompanhe os principais trechos da entrevista.
Folha - Foi a maior vitória de sua
carreira como treinador?
Daniel Passarella - Não. Já ganhei títulos, mas é claro que foi
um grande triunfo.
Folha - Teve um sentimento de
vingança?
Passarella - Não. Não tenho nenhum sentimento pelo Corinthians, mas quero agradecer aos
jogadores que me saudaram em
Buenos Aires e aqui.
Folha - O senhor considera que foi
traído pela MSI?
Passarella - Sim. Iniciei um trabalho aqui e não pude continuar
por divergências entre MSI e Corinthians. Acabei pagando o pato.
Agora só espero que o Corinthians e a MSI me paguem pelo
meu trabalho.
Folha - Quando o senhor trabalhou no Corinthians sentiu que havia algo errado?
Passarella - Há desorganização.
O clube é uma bagunça.
Folha - Pode explicar melhor?
Passarella - Há uma disputa de
poder entre MSI e Corinthians, e
assim fica muito difícil conduzir
um trabalho.
Folha - O senhor acha que vai receber pelo resto de seu contrato?
Passarella - Eu entrei com ação
na Fifa e estou aguardando o veredicto, que deve ser dado no final
de maio ou começo de junho.
Folha - Por que o River eliminou o
Corinthians da Libertadores?
Passarella - Fomos melhores nas
duas partidas. Ontem [anteontem] tivemos problemas no primeiro tempo, mas depois nos
ajustamos. Eles eram favoritos,
mas nós, como franco-atiradores,
nos superamos.
Folha - O senhor ficou com medo
da reação da torcida no Pacaembu?
Passarella - Não. Os torcedores
não estavam nos visando, mas
sim os corintianos. Quando arrombaram o alambrado a situação ficou perigosa, e o árbitro, de
maneira correta, encerrou o jogo.
Folha - O senhor acha que o Kia
entende de futebol?
Passarella - Não. Mas não quero
falar sobre isso.
Folha - O senhor voltaria a trabalhar no Brasil?
Passarella - Não penso nisso.
Hoje trabalho no River, e eles querem renovar meu contrato por
mais três anos.
Folha - O River pode ser considerado favorito para vencer a Libertadores a partir de agora?
Passarella - Não quero que sejamos considerados favoritos, mas
também não quero que nos dêem
como mortos antes da hora.
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