São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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FUTEBOL

À Folha, técnico do River Plate fala que Kia e Dualib atrapalham o time

Vingado, Passarella diz que Corinthians é uma bagunça

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um ano após ter provocado a fúria da torcida corintiana ao ser humilhado pelo São Paulo por 5 a 1, Daniel Passarella, 52, voltou ao Pacaembu para se vingar do clube que o demitiu no ano passado.
Novamente provocou a ira dos torcedores, mas desta vez triunfou e saboreou uma doce vingança como algoz do time que, segundo ele, o traiu.
O técnico do River Plate, deixou São Paulo ontem e, novamente, o Corinthians em crise. Antes de embarcar para Buenos Aires, conversou com a Folha e sentenciou: "O Corinthians é uma bagunça. Dessa forma, jamais vai ganhar a Libertadores", declarou.
Trajado com o agasalho do River Plate, usando óculos e sua tradicional maleta 007, Passarella, antes de sair do luxuoso hotel que hospedou o clube argentino, posou para fotos, deu autógrafos e até ouviu pedidos de corintianos para que voltasse ao clube.
Bastante simpático, o treinador afirmou que essa não é sua pretensão neste momento. Na verdade, seu caso com o Corinthians ainda não terminou.
Ele aguarda, na Fifa, o resultado de uma ação movida contra o clube e sua parceira, a MSI, em que cobra dívida de R$ 3,5 milhões por quebra de contrato. O resultado deve sair até o início de junho.
Acompanhe os principais trechos da entrevista.
 

Folha - Foi a maior vitória de sua carreira como treinador?
Daniel Passarella -
Não. Já ganhei títulos, mas é claro que foi um grande triunfo.

Folha - Teve um sentimento de vingança?
Passarella -
Não. Não tenho nenhum sentimento pelo Corinthians, mas quero agradecer aos jogadores que me saudaram em Buenos Aires e aqui.

Folha - O senhor considera que foi traído pela MSI?
Passarella -
Sim. Iniciei um trabalho aqui e não pude continuar por divergências entre MSI e Corinthians. Acabei pagando o pato. Agora só espero que o Corinthians e a MSI me paguem pelo meu trabalho.

Folha - Quando o senhor trabalhou no Corinthians sentiu que havia algo errado?
Passarella -
Há desorganização. O clube é uma bagunça.

Folha - Pode explicar melhor?
Passarella -
Há uma disputa de poder entre MSI e Corinthians, e assim fica muito difícil conduzir um trabalho.

Folha - O senhor acha que vai receber pelo resto de seu contrato?
Passarella -
Eu entrei com ação na Fifa e estou aguardando o veredicto, que deve ser dado no final de maio ou começo de junho.

Folha - Por que o River eliminou o Corinthians da Libertadores?
Passarella -
Fomos melhores nas duas partidas. Ontem [anteontem] tivemos problemas no primeiro tempo, mas depois nos ajustamos. Eles eram favoritos, mas nós, como franco-atiradores, nos superamos.

Folha - O senhor ficou com medo da reação da torcida no Pacaembu?
Passarella -
Não. Os torcedores não estavam nos visando, mas sim os corintianos. Quando arrombaram o alambrado a situação ficou perigosa, e o árbitro, de maneira correta, encerrou o jogo.

Folha - O senhor acha que o Kia entende de futebol?
Passarella -
Não. Mas não quero falar sobre isso.

Folha - O senhor voltaria a trabalhar no Brasil?
Passarella -
Não penso nisso. Hoje trabalho no River, e eles querem renovar meu contrato por mais três anos.

Folha - O River pode ser considerado favorito para vencer a Libertadores a partir de agora?
Passarella -
Não quero que sejamos considerados favoritos, mas também não quero que nos dêem como mortos antes da hora.


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