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Situação do clube se agrava, diz promotor
da Reportagem Local
O promotor de Justiça criminal
Pedro Manuel Ramos, que acompanha o inquérito sobre a trama de
suborno da Lusa no Campeonato
Paulista do ano passado, afirmou à
Folha que a revelação do novo caso "complica muito" a situação
dos dirigentes do clube.
"Esse fato indica fortemente que
a Lusa tinha o hábito de recorrer a
recursos ilegais para vencer partidas. Isso é muito sério. Vou anexar
o conteúdo da fita ao inquérito.
Vai ajudar na acusação", afirmou
o promotor.
Pelo menos quatro pessoas deverão ser indiciadas no inquérito que
apura o desvio de R$ 130 mil dos
cofres da Lusa e o esquema de suborno ao qual esse dinheiro foi
destinado: o presidente Amilcar
Casado, o vice Ilídio Lico, o ex-diretor Camões Salazar e o empresário do futebol Toninho Silva.
O esquema de suborno foi posto
em prática na partida Portuguesa
Santista x Lusa, válido pela última
rodada da primeira fase do Campeonato Paulista do ano passado.
O resultado, empate de 4 a 4, classificou a Lusa e obrigou a Santista a
disputar o quadrangular de rebaixamento.
Mas o jogo por pouco não foi
fraudado. Segundo depoimento de
Lico a uma comissão de sindicância do clube, ele acertou com Silva
o suborno do goleiro Nasser, que
atuava pela Portuguesa Santista.
Mais tarde verificou que o goleiro
nem ao menos havia sido contactado e que o dinheiro fora desviado, ou seja, havia acontecido uma
trapaça, que ele desconhecia, dentro da outra, que ele confessara ter
planejado.
Ao procurar o goleiro, Lico admitiu ter revelado a trama a ele e
acabou tendo que assinar um contrato com o goleiro sob a ameaça
de que o caso viesse a público. Em
seis meses, Nasser recebeu R$ 83
mil e nunca treinou no clube. O goleiro afirmou reiteradas vezes que
sua principal intenção era jogar e
que até contratou um treinador de
goleiros particular para se manter
em forma enquanto esperava ser
chamado para se apresentar.
Só quando a Folha revelou o caso
no final do mês de março, Nasser
decidiu denunciar a trama. A publicação pela Folha de uma cópia
do contrato foi a primeira prova de
que a história era verdadeira.
Nessa operação, saíram R$ 130
mil da Lusa, que foram destinados
a Silva, em dois cheques (R$ 100
mil e R$ 30 mil). Os recibos dizem
que foi pagamento da comissão
pela intermediação do jogador
Alexandre. Mas o negócio do meia
foi feito diretamente entre o dono
de seu passe, o ex-sócio do União
Francisco Martins e a Lusa.
Nos dias seguintes ao recebimento do dinheiro, Silva passou
metade a Salazar, numa operação
que quem recebeu diz que é empréstimo e quem deu afirma que é
devolução, e R$ 25 mil a Lico, supostamente para ajudá-lo a pagar
o contrato de Nasser.
Apesar da confissão de Lico, a
sindicância não pediu punição a
ele. O único indiciado foi Salazar,
incriminado pelo desvio de dinheiro. Salazar não foi ouvido no
clube, mas na polícia ele negou ter
ficado com dinheiro do clube.
O presidente da comissão, Marco
Antonio Teixeira Duarte, afirmou
que a simples compilação do depoimento significava um "pedido
automático" de punição para o dirigente.
Segundo Ramos, o caso sobre o
jogo Lusa x Remo, pela Copa do
Brasil, vai dar origem a um novo
inquérito, separado do primeiro.
"Tem que ser separado. Se ficar
misturando as coisas, o inquérito
não termina nunca", finalizou o
promotor, que só espera a chegada
dos depoimentos do goleiro Nasser e do técnico Orlando Pereira,
que dirigiu a Santista naquele jogo,
e das transcrições das fitas para
formalizar a acusação.
(MD e RD)
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