São Paulo, quinta, 6 de maio de 1999

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Os bons torneios da Inglaterra e da Itália

MATINAS SUZUKI JR.
da Equipe de Articulistas

Comentei, na semana passada, a volta das tabelinhas.
Estava referindo-me mais aos casos brasileiros, mas o fenômeno também ocorre lá fora. Graças à nova filosofia de jogo mais ofensivo, que voltou, felizmente, ao futebol.
Na Inglaterra, com o seu campeonato mais empolgante dos últimos tempos, há uma dobradinha fazendo sucesso. Trata-se da dupla de pérolas negras do Manchester United, Dwight Yorke e Andy Cole.
Yorke e Cole realizaram uma das tabelinhas do ano (os ingleses chamam-na de "um-dois') em um jogo contra o Barcelona, em pleno Camp Nou. A dupla também foi responsável pelos gols marcados no jogo contra a Juventus, que levaram a esquadra inglesa às finais da Copa dos Campeões desta temporada, a ser jogada contra o Bayern de Munique.
Há vários sinais de que os técnicos que podem trabalhar com mais planejamento estão à procura não somente de dois bons atacantes para atuar na linha de frente de seus times, mas de uma dupla que possa render até mais do que a individualidade de cada um.
Veja o caso de Edmundo e Batistuta. Dois grandes jogadores, duas raras vocações para encurtar a distância do gol e, no entanto, jamais conseguiram chegar a um dueto pleno que, como se dizia tempos atrás, joga por música. Quem acabou sendo penalizada pelo não entendimento perfeito dos dois foi a Fiorentina. O time púrpura da belíssima Florença tirou dele mesmo a chance de faturar um raríssimo título italiano.

Por falar em Inglaterra e Itália, a julgar pelo que ocorre nesta temporada nas maiores ligas dos dois países, o novo regime de livre circulação dos jogadores, instaurado depois da Lei Bosman, foi aprovado.
Os times ingleses melhoraram muito seu futebol com a chegada não só de jogadores estrangeiros, mas também de técnicos de outras nacionalidades.
Veja, por exemplo, o estilo "à francesa' (no passado seria uma heresia dizer isso para as ultra-regionalistas torcidas inglesas) do Arsenal, formatado pelo técnico que nasceu do outro lado do canal, Arsène Wenger, uma espécie de intelectual da bola, que não vacilou em utilizar vários jogadores franceses (como o raçudo capitão da seleção francesa Emmanuel Petit) e holandeses (como o fino atacante Dennis Berkamp).
Na Itália, além das arrancadas de Lazio e Milan para disputar, cabeça com cabeça, o título de uma temporada memorável, a batalha pelas outras vagas dos torneios europeus tem gerado jogos sensacionais.
Enfim, parece que o bom senso conspira a favor do futebol.

Quem viu jogar o garoto Edu, substituto de Raí na virada contra a Matonense, fala maravilhas do futebol do jovem meia são-paulino.

Não é só o excesso de jogos que atrapalha o bom rendimento de um jogador. Some a ele o desgaste de viagens (muitas delas de avião) e de aeroportos, a falta de convivência com amigos e família e o excesso de convivência com outros jogadores em ambientes fechados (hotéis, concentrações).
Em situações altamentes estressantes como essas fica difícil até dormir e se alimentar bem, que dirá jogar futebol.
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Matinas Suzuki Jr. escreve às quintas e é diretor editorial-adjunto da Abril S/A



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