São Paulo, quinta, 6 de maio de 1999

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FUTEBOL
Eduardo De Rose, do COI, diz que laboratório não pode apontar origem de substância na amostra de zagueiro
Perito em doping faz defesa de Scheidt

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

O laboratório de química Ladetec, que apontou doping do zagueiro Scheidt, do Grêmio e da seleção, não tem aparelhagem capaz de detectar se a origem do hormônio DHEA é externa ou natural.
Quem afirma é o médico Eduardo de Rose, representante brasileiro no Comitê Olímpico Internacional e especialista em doping, por meio de parecer elaborado a pedido do Grêmio.
Anteontem, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciou que os testes antidoping da rodada de 21 de abril da Copa do Brasil deram positivo em Scheidt e do lateral Clébson, do Bahia -apontando uso, respectivamente, de hormônio DHEA e esteróide nortestosterona, que aumentam a massa muscular do atleta.
Os dois estão suspensos por 30 dias, prazo em que serão julgados -em caso de condenação, podem pegar de 120 a 360 dias de banimento. A CBF enviou ontem ao Tribunal de Justiça Desportiva os laudos de apontam doping.
Na opinião de De Rose, a divulgação do doping de Scheidt foi "precipitada" e seria mais prudente não apresentar os dados antes de fazer exames mais confiáveis.
Com credenciamento no COI, o Ladetec diz que o resultado de seu laudo é inquestionável. "O Grêmio fazer um teste no exterior é uma bobagem. Novas amostras não servem para anular as que revelaram o doping", disse Francisco Radler, chefe do laboratório.
Com base no parecer de De Rose, o Grêmio vai fazer um exame complementar específico em amostra de urina de Scheidt, a ser realizado em laboratórios credenciados pelo COI em Barcelona ou Colônia.
De Rose, que em 1998 ajudou o Inter no caso de doping do volante Anderson, lembrou que o DHEA, vendido como suplemento alimentar ou como parte da composição de aminoácidos, é produzido pelo corpo humano. Segundo o presidente do Grêmio, o médico lhe disse que 1% da população norte-americana tem índices dessa substância acima do normal.
Ontem, Scheidt deu entrevista coletiva em Santa Maria (RS), onde o Grêmio foi jogar, e declarou não ter ingerido nenhum medicamento, a não ser um antiinflamatório que não contém a substância.
"Vou deixar de lado a seleção. Primeiro, vou pensar em escapar disso aí, até porque não tem nada a ver", afirmou o zagueiro.
Já o lateral Clébson, 21, do Bahia, disse ontem que tomou o medicamento "alguns dias antes do jogo contra o Coritiba", pela Copa do Brasil, no qual foi o autor do gol de empate em 1 a 1.
Clébson afirmou que ganhou o medicamento de um "amigo". "Tomei o remédio e não comuniquei nada aos médicos do clube."
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Com a Reportagem Local e a colaboração da Agência Folha, em Salvador, e da Sucursal do Rio


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