São Paulo, quinta, 6 de maio de 1999

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CRISE
Região, uma das mais ricas de São Paulo, não tem representantes na elite do Estado nas principais modalidades
Vale do Paraíba vive decadência esportiva

FÁBIO SOARES
editor da Folha Vale

KLÉBER WERNECK
free-lance para a Folha Vale

Com 39 cidades e quase 2 milhões de habitantes, o Vale do Paraíba é a única entre as principais regiões econômicas do Estado de São Paulo que praticamente não existe quando o assunto é esporte de alto desempenho.
A região passa por sua pior crise esportiva, justamente dez anos depois de o São José ter conquistado o vice-campeonato no Paulista, o principal feito na história do futebol do Vale.
Cidades como São José dos Campos, Taubaté e Jacareí não possuem equipes nas divisões principais dos três esportes coletivos considerados mais populares no país: futebol, basquete e vôlei.
O rebaixamento do São José à Série A-2 do Campeonato Paulista neste ano e a perda da nadadora Fabíola Molina, a melhor do país, para o Vasco do Gama, consolidaram a decadência.
"O problema na região é que os esportistas se acostumaram a depender do poder público, enquanto as grandes equipes de hoje sobrevivem com a atuação da iniciativa privada", disse o secretário dos Esportes de São José dos Campos, Dalvi Rosa Moreira.
"Não conseguimos cobrir a proposta de R$ 50 mil para segurar a nadadora na cidade", completou o secretário, sobre a perda da recordista sul-americana nos 100 m costas para o clube carioca.
Nos últimos dois anos, a região ainda desfrutou das equipes do Trianon (Jacareí) no basquete, em 97, e da Telepar (São José) no vôlei, ano passado. Mas durou pouco. O Trianon não teve dinheiro para pagar salários e teve de abandonar a competição na metade. A equipe de vôlei voltou para o Paraná, como já estava programado.
Para piorar a situação, neste ano, o joseense Fúlvio Miyata, um dos melhores judocas do país na categoria médio-ligeiro, não conseguiu classificação para os Jogos Pan-Americanos deste ano. Ele perdeu a vaga para o atleta Denílson Lourenço, do Clube Pinheiros, de São Paulo.
² Bons tempos
No basquete, São José teve sua fase áurea no início da década de 80, com as conquistas de um bicampeonato paulista (80-81), um brasileiro (80) e um vice-campeonato sul-americano (81) pelo Tênis Clube. "O basquete é um esporte que se identifica com a cidade, e estamos trabalhando para trazê-lo de volta, mesmo que seja um time apenas para disputar", afirma o atual presidente do Tênis Clube, Rubens Latorraca.
O Taubaté também teve seus bons tempos no futebol, quando estava na primeira divisão paulista, de 54 a 61 e depois de 80 a 84. Em 80, o time conquistou o quinto lugar, sua melhor colocação.
"Hoje, está mais fácil fazer um bom trabalho em cidades menores, em que a torcida comparece, a prefeitura colabora, e a imprensa incentiva", comentou o presidente do clube, Antonio Ravani.
² Contraponto
Enquanto o Vale vai colecionando derrotas no esporte, as regiões de Campinas e Ribeirão vão ganhando força no cenário nacional.
Sete equipes da região de Campinas disputaram o último Campeonato Paulista da Série A-1 (Ituano, rebaixado, União São João, Inter, Rio Branco, União Barbarense, Mogi Mirim e Guarani).
O futebol campineiro também tem destaque nacional, com as presenças de Guarani e Ponte Preta na Série A do Brasileiro.
Já a região de Ribeirão Preto, além de contar com Franca, capital do basquete, terá o Botafogo na primeira divisão do próximo Brasileiro de futebol.



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