UOL


São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OLIMPÍADA

Ao comentar inexistência de terrorismo, cidade diz que "está livre de incidentes causados por desordem pública"

Tráfico anula garantia de dossiê Rio-2012

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A realidade, na forma de diversas ações atribuídas ao tráfico de drogas no Rio, contradiz ao menos uma das garantias contidas no dossiê de candidatura do município à Olimpíada de 2012.
No capítulo que trata do item "Segurança", o então secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, Josias Quintal, garantiu que "a cidade do Rio está livre (...) de incidentes causados em decorrência de desordem pública...".
Tal afirmação do ex-secretário não era necessária. O manual de procedimentos para postulação de cidade brasileira aos Jogos pede só declaração de que não há risco de minorias ativistas ou grupos terroristas na região e cidade.
Quintal acrescentara que a cidade tampouco corre o risco de ser alvo de ações violentas perpetradas por grupos terroristas e que "inexistem questões (...) que possam gerar atos de violência de larga escala e por tempo prolongado, por motivos políticos que impeçam a realização dos Jogos...".
Após dar tais garantias, Quintal foi substituído em abril por Anthony Garotinho (PSB) em meio ao recrudescimento de ações violentas do tráfico. A governadora Rosinha Matheus (PSB) negou que estivesse tirando-o por estar insatisfeita com seu trabalho.
Apenas três dias antes da mudança de secretário, um microônibus da PM havia sido atacado.
Anteriormente, o prefeito Cesar Maia classificou como ato de "terrorismo" o ataque por homens armados à sede administrativa da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova (zona central), em junho de 2002. Foram usadas granadas, que não foram detonadas. Um mês antes, a sede da Secretaria Estadual de Direitos Humanos foi atacada.
Além dessas ações em edificações oficiais, os traficantes vêm ordenando o fechamento do comércio e realizando ataques em diversos pontos do município, o que contradiz outro ponto do dossiê no qual se afirma que "os índices mais elevados [de criminalidade] estão concentrados em pontos periféricos específicos".
Não foi poupado nem o Leblon, bairro nobre da zona sul do Rio, onde laboratório e restaurante foram alvos de bombas este ano, ou pontos turísticos, como o Hotel Glória, no bairro da Glória, cuja fachada foi alvejada por balas, em atentado atribuído a traficantes.
A Folha tentou ontem entrar em contato com o secretário de Esporte do Rio, Ruy Cezar, porém sua assessoria informou que ele estava em reunião. A reportagem contatou também outros membros do comitê de candidatura, mas foi informada de que só o secretário pode dar declarações.


Texto Anterior: Meligeni, 32, deixa circuito, mas joga o Pan antes da aposentadoria
Próximo Texto: Saiba mais: Relatórios serão entregues no próximo dia 17
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.