|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OLIMPÍADA
Ao comentar inexistência de terrorismo, cidade diz que "está livre de incidentes causados por desordem pública"
Tráfico anula garantia de dossiê Rio-2012
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A realidade, na forma de diversas ações atribuídas ao tráfico de
drogas no Rio, contradiz ao menos uma das garantias contidas
no dossiê de candidatura do município à Olimpíada de 2012.
No capítulo que trata do item
"Segurança", o então secretário
de Segurança Pública do Estado
do Rio, Josias Quintal, garantiu
que "a cidade do Rio está livre (...)
de incidentes causados em decorrência de desordem pública...".
Tal afirmação do ex-secretário
não era necessária. O manual de
procedimentos para postulação
de cidade brasileira aos Jogos pede só declaração de que não há
risco de minorias ativistas ou grupos terroristas na região e cidade.
Quintal acrescentara que a cidade tampouco corre o risco de ser
alvo de ações violentas perpetradas por grupos terroristas e que
"inexistem questões (...) que possam gerar atos de violência de larga escala e por tempo prolongado, por motivos políticos que impeçam a realização dos Jogos...".
Após dar tais garantias, Quintal
foi substituído em abril por Anthony Garotinho (PSB) em meio
ao recrudescimento de ações violentas do tráfico. A governadora
Rosinha Matheus (PSB) negou
que estivesse tirando-o por estar
insatisfeita com seu trabalho.
Apenas três dias antes da mudança de secretário, um microônibus da PM havia sido atacado.
Anteriormente, o prefeito Cesar
Maia classificou como ato de "terrorismo" o ataque por homens
armados à sede administrativa da
Prefeitura do Rio, na Cidade Nova
(zona central), em junho de 2002.
Foram usadas granadas, que não
foram detonadas. Um mês antes,
a sede da Secretaria Estadual de
Direitos Humanos foi atacada.
Além dessas ações em edificações oficiais, os traficantes vêm
ordenando o fechamento do comércio e realizando ataques em
diversos pontos do município, o
que contradiz outro ponto do
dossiê no qual se afirma que "os
índices mais elevados [de criminalidade] estão concentrados em
pontos periféricos específicos".
Não foi poupado nem o Leblon,
bairro nobre da zona sul do Rio,
onde laboratório e restaurante foram alvos de bombas este ano, ou
pontos turísticos, como o Hotel
Glória, no bairro da Glória, cuja
fachada foi alvejada por balas, em
atentado atribuído a traficantes.
A Folha tentou ontem entrar
em contato com o secretário de
Esporte do Rio, Ruy Cezar, porém
sua assessoria informou que ele
estava em reunião. A reportagem
contatou também outros membros do comitê de candidatura,
mas foi informada de que só o secretário pode dar declarações.
Texto Anterior: Meligeni, 32, deixa circuito, mas joga o Pan antes da aposentadoria Próximo Texto: Saiba mais: Relatórios serão entregues no próximo dia 17 Índice
|