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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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FUTEBOL

Fiiiiiiiiiiiiiu... Pou!

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Você se lembra da cena: o Papa-Léguas foge, e o Coiote está em seu encalço. Eles se aproximam de um precipício. O Papa-Léguas avança pelo ar, e o Coiote o segue. O Papa-Léguas chega do outro lado, mas o Coiote olha para para baixo e percebe onde está. Aí mostra uma placa onde está escrito "Acho que estou com um problema" e...
Fiiiiiiiiiiiiiiiiiu... Pou!
O pobre se estatela no chão, formando uma nuvenzinha gorda de poeira.
Como a vida imita arte, inclusive os desenhos do Bip-Bip, isso também acontece no mundo real. Nas empresas, nas universidades e até no futebol.
Pode reparar, há muitos Papa-Léguas por aí. Por exemplo, leitora, no seu trabalho deve haver um sujeito meio imbecil que crê tanto em si mesmo que acaba convencendo os outros. E assim ele vai galgando postos e engordando sua conta bancária.
Essa mistura de excesso de autoconfiança e falta de autocrítica talvez seja uma boa explicação para o sucesso. Inclusive no amor. O leitor deve conhecer algum cara meio feio e muito tonto, mas tão seguro de si que acaba sempre namorando as moças mais interessantes. Sim, eles são odiosos.
E há um Papa-Léguas no Campeonato Brasileiro: o Paraná.
O ano não começou exatamente bem para o tricolor paranaense. O time fez uma campanha pouco memorável no Estadual e não foi rebaixado porque conseguiu um empate providencial diante da Portuguesa Londrinense. Chegando perto do fundo do poço, foi da água para o vinho.
Hoje, o Paraná ocupa a quinta colocação no Brasileiro. Está à frente de São Paulo, Vasco e Atlético-MG, para ficar em apenas três dos chamados grandes.
De acordo com os rankings do Datafolha, o time é o segundo nos desarmes e o campeão no número de faltas, números que mostram um estilo aplicado e de marcação dura, embora (a César o que é de César) também seja o primeiro no número de dribles e o que menos erra passes.
Ageu, pasmem, é seu jogador mais famoso, se bem que o imortal Maurílio, que andava fazendo gols na Arábia Saudita, foi recontratado. Marquinhos, que vem se destacando, não teve grande sucesso no Bayern Leverkusen ou no Flamengo, mas agora vem jogando o fino.
Sem ter contratado reforços de peso ou uma grande revolução, pode ser que o time do técnico Adílson Batista (aquele ex-Grêmio, ex-Corinthians) esteja sendo um legítimo Papa-Léguas. Começou a correr pelo ar, não se deu conta de que isso ia contra as leis naturais e agora vai deixando os concorrentes para trás numa carreira admirável. Acreditou em si mesmo e agora merecidamente ocupa uma posição que poucos acreditavam que ele conseguisse.
E a moral que se pode tirar dessa história é que..., é que... Xi, pensei que conseguiria uma frase brilhante para terminar este texto, mas não consegui. Aliás, ele nem está muito bom. Acho que estou com um problema...
Fiiiiiiiiiiiiiiiu... Pou!

Alex e Fábio Costa
O José Geraldo Couto sugeriu que o Santos não fosse mais chamado de o Santos de Robinho e Diego, mas o Santos de Elano e Renato. Isso me parece muito justo, pois os dois fazem diferença. Porém venho aqui apontar uma terceira via: que o alvinegro seja chamado de o Santos de Alex e Fábio Costa, pois estes que evitam gols quase nunca são lembrados. E merecem. O goleiro vem fazendo defesas que o colocam entre os melhores da história do clube, e o zagueiro é o melhor do time nas duas últimas décadas.

Haicai 1
A última volta do ponteiro,/parece que leva/um dia inteiro.

Haicai 2
Era rápido feito o vento,/Mas o raciocínio,/lento, lento.

E-mail torero@uol.com.br


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